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Pesquisa quebra tabu sobre malefícios do colesterol proveniente do ovo

São Paulo, 19 de abril de 2001 (eHealthLA). Uma pesquisa coordenada pela professora do curso de Nutrição em Campinas, Erly Catarina de Moura revela que a gema do ovo não é a responsável pelo aumento de colesterol no sangue. Segundo Erly, tudo leva a crer que o colesterol especificamente do ovo é metabolizado de forma benigna pelo corpo humano.

A nutricionista analisou hábitos alimentares de 1.600 estudantes de 7 a 14 anos, em escolas da rede pública de ensino da periferia de Campinas. A comparação entre as amostras de sangue dessas crianças e suas respectivas dietas diárias mostrou que os alunos que comiam mais ovos não eram os que tinham maior taxa de colesterol.

Pelo contrário, as crianças que tinham nível de colesterol normal consumiam em média 8,5 ovos por mês, ao passo que as crianças com colesterol alto comiam menos ovos, 7 unidades por mês.

De acordo com Erly, o excesso de colesterol não está relacionado com a ingestão de ovos e sim com a obesidade e com o baixo consumo de fibras como feijão, verduras e frutas. Das 1.600 crianças estudadas, 35% apresentaram colesterol alto.

A nutricionista observa, no entanto, que quando se consome somente um tipo de alimento, certamente vai faltar um outro componente necessário para sua base nutricional. "O ovo é proteína, mas também precisamos de carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas", ela adverte.

Estudantes com carências nutricionais

Erly ressalta que no ovo há mais ácido graxo insaturado (um tipo de gordura menos nociva) do que colesterol. Quando se come a gema do ovo, o colesterol cai na corrente sangüínea e só forma placas de gordura nos vasos se há condições propícias para tal.

"Só se a pessoa já tiver outros agravantes que, no caso, os mais importantes são a obesidade e falta de fibra", retoma a professora.

Mas, "se a pessoa tem uma dieta balanceada e faz exercícios, esse colesterol do ovo pode agir no organismo até de maneira boa, como ajudando na produção de hormônios, vitaminas D e ácidos biliares", resume Erly.

Os estudos revelaram ainda a falta de vitamina A (importante na visão e presente na cenoura, folhas verdes e manga), em 99,7% das crianças e, de cálcio (bom para os ossos e presente no leite), em 73,1% delas. A base foi o questionário alimentar aplicado junto aos 1600 estudantes.

Também "falta feijão, e o pior, há excesso de salgadinhos e bolachas", alerta. As pesquisas sobre o colesterol nas crianças começaram em 1998 e já passaram por várias etapas.

Ainda esse semestre, os alunos do curso de Nutrição que colaboraram com a pesquisa participam do Congresso Nacional de Nutrição, e do congresso da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ambos em Salvador, para divulgar os trabalhos.

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