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Alimentos vendidos em feiras livres podem oferecer risco à saúde

06 de Fevereiro de 2003 (Bibliomed). Nenhuma das feiras livres da capital paulista apresenta condições ideais de higiene para funcionamento. A conclusão é da biomédica Soraya Garcia Audi, que analisou as condições de 50 feiras para realização de sua dissertação de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), tendo como base a Lei 25.545, promulgada em 1988 para ser uma espécie de guia de conduta das feiras. Foram observados, desde o acondicionamento do alimento e a roupa usada pelos vendedores, à localização da barraca e a existência de licença para comercialização do produto. “O trabalho não trouxe nenhuma surpresa, apenas confirmou o fato de as feiras livres não serem lugares ideais para se comprar a comida de casa”, afirmou.

Das 531 barracas de vegetais analisadas, 356 lavavam os alimentos em água suja e os acondicionavam em recipientes inadequados. Em muitas destas barracas as verduras eram embaladas com jornal. “A tinta do jornal pode passar metais pesados para os alimentos, mas mesmo assim é amplamente utilizado”, alertou. Os problemas observados no comércio de alimentos de origem animal também chamaram a atenção da pesquisadora. “Praticamente nada estava em condições de ser comercializado. A maior parte dos alimentos não estava refrigerada e a higiene era péssima. Em alguns casos, vimos grandes quantidades de moscas sobre o que era vendido”, relatou. O comércio de peixes e aves mostrava irregularidade principalmente na falta de refrigeração dos produtos: em menos de 8% das barracas os peixes estavam recobertos com gelo picado, como determina a lei. A falta de refrigeração foi observada em 30% das barracas de frango.

Pela lei, as feiras não podem estar localizadas a menos de 100 metros de hospitais, escolas, postos de combustível e igrejas. Das feiras analisadas, 12% estavam próximas de hospitais, 26% de escolas, 16% de postos e 14% de igrejas. Ainda contrariando a lei, muitos ambulantes trabalhavam livremente pelas feiras e menos de 15% das barracas apresentavam sua licença de funcionamento, que deveria ficar em local visível. O feirante deveria usar botas e um avental específico para a atividade, mas a pesquisadora observou um grande número de comerciantes com roupas inadequadas, como bermudas e acessórios, como colares, pulseiras, anéis e maquiagem. Outras irregularidades encontradas foram o comércio de carne bovina in natura, a venda de animais de estimação, a ausência de banheiros para os feirantes e a proximidade de botijões de gás.

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