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04 de Dezembro de 2002 (Bibliomed). Um estudo inédito realizado pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP avaliou a prevalência de transtornos psiquiátricos em crianças e adolescentes, entre 7 e 14 anos, em cidades de médio porte e seus arredores no sudeste de São Paulo. Os resultados desse estudo serão úteis para direcionar o planejamento e aprimoramento dos serviços de saúde mental infantil no País.
A prevenção e o tratamento desses transtornos têm impacto concreto no futuro dos jovens, favorecendo a diminuição de criminalidade, abuso de substâncias, abandono escolar, desenvolvimento de transtornos de personalidade e transtornos mentais na vida adulta. “Atualmente as estatísticas são todas importadas, e a maioria é de países desenvolvidos, as quais provavelmente não ilustram a realidade brasileira”, disse a psiquiatra do Ipq, Bacy Fleitlich, que coordenou o trabalho ao lado de Robert Goodman, do Institute of Psychiatry, King's College, Londres.
A avaliação foi feita com cerca de duas mil crianças de Campos do Jordão e Taubaté, e durou um ano e meio. A amostra de crianças foi sorteada de modo a cobrir todas as faixas sócio-econômicas. A incidência de transtornos psiquiátricos foi de 12,5%. Em áreas definidas como classe baixa urbana, a taxa foi a mais elevada (13,7%), enquanto a classe baixa rural apresentou 11,4% e a classe média urbana, 5,9%. Os pesquisadores observaram que crianças que sofrem agressão física, que presenciam violência doméstica ou têm mães com possível comprometimento mental têm o dobro de chances de desenvolver doenças psiquiátricas do que as demais.
Entre os principais transtornos psiquiátricos encontrados, os de conduta somaram 7%, os transtornos ansiosos ficaram em 5% e tanto depressão como transtorno de hiperatividade acometiam 1% da população. Os transtornos de conduta são caracterizados por comportamento agressivo ou desafiante, que vai além das travessuras infantis ou da rebeldia do adolescente. O quadro inclui manifestações excessivas de agressividade e de tirania; crueldade com relação a outras pessoas ou a animais; destruição dos bens de terceiros; condutas incendiárias; roubos; mentiras repetidas; cabular aulas e fugir de casa; crises de birra e de desobediência anormalmente freqüentes e graves.
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