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Bebês de proveta podem apresentar defeitos congênitos

Belo Horizonte, 15 de Março de 2002 (Bibliomed). A tecnologia dos bebês de proveta, nome genérico utilizado para as diversas técnicas de reprodução assistida já existentes atualmente, representa para muitos casais uma chance única de poder ter um filho. Graças a esta tecnologia, milhares de casais, que de outra forma estariam condenados a adotar uma criança ou permanecer sem filhos, podem curtir a emoção única de gerar, aguardar, dar à luz, educar e conviver com uma criança fruto de seu próprio corpo.

Como tudo na vida, porém, estes benefícios representam um certo risco: bebês nascidos por técnicas de reprodução assistida apresentam uma chance maior que dos concebidos naturalmente de apresentar baixo peso ao nascer (peso inferior a 2.500g) ou a apresentar defeitos congênitos. Este risco ainda é baixo, mas, como as técnicas se tornam cada vez mais populares, está crescendo o número de crianças afetadas. Especialistas dizem que os pais devem levar em conta estes riscos quando decidirem usar técnicas de reprodução assistida.

A fertilização in vitro proporciona o encontro entre os óvulos da mulher e os espermatozóides do homem (que pode ser o homem do casal ou proveniente de banco de sêmen) fora do corpo. Os embriões formados são introduzidos no útero da mãe.

Em alguns casos, o espermatozóide é injetado diretamente nos óvulos, em procedimento chamado injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI, na sigla em inglês). Esta técnica é utilizada principalmente na infertilidade masculina devido a defeitos de movimentação ou penetração do espermatozóide.

Na fertilização in vitro, vários embriões são injetados no útero da mulher para aumentar a chance de que pelo menos um sobreviva. Isto aumenta a chance da mulher obter uma gestação dupla, tripla ou mesmo quádrupla, com todos os riscos inerentes. Porém, suspeitava-se de que mesmo bebês em gestações únicas concebidos por reprodução assistida apresentassem baixo peso ao nascer. Para verificar isto, foi conduzido um estudo entre mais de 42.000 crianças nascidas por estas técnicas e as crianças nascidas normalmente para comparar a taxa de ocorrência do baixo peso nestas duas populações.

Os resultados encontrados mostram que a taxa de ocorrência do baixo peso ao nascer foi duas vezes maior em crianças nascidas por reprodução assistida do que em concebidas naturalmente, mesmo considerando apenas gestações únicas. Isto porque o risco de ser baixo peso aumenta com o número de crianças em cada gestação. O risco permaneceu mais alto entre os bebês de proveta mesmo após se levar em conta outras questões, como a idade materna e prematuridade.

Outro estudo mostrou que os defeitos congênitos foram muito mais comuns entre crianças concebidas através de técnicas de reprodução assistida do que em crianças concebidas naturalmente. Apesar deste estudo ter sido menor (examinou ao todo pouco mais de 5000 crianças, concebidas naturalmente ou por técnicas de reprodução assistida), manteve significado estatístico e mostrou que o risco de defeitos congênitos foi quase o dobro do observado em crianças concebidas naturalmente, mesmo levando em conta fatores como idade da mãe e sexo do bebê. Neste estudo, também, os pesquisadores consideraram apenas gestações únicas.

Apesar deste risco maior, as chances de se ter uma criança saudável por estas técnicas ainda é muito alta: 94% de chance de nascer uma criança com peso normal e 91% de chance de nascer uma criança sem defeito congênito nenhum.

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