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São Paulo, 29 de Junho de 2001 (eHealthLA). Em discurso proferido hoje na Sessão Especial da Assembléia Geral da ONU sobre Aids, em Nova Iorque, o ministro da Saúde, José Serra, disse que o compromisso dos governos para impedir a disseminação do vírus HIV deve estar sustentado em quatro pilares essenciais: a prevenção, o tratamento, o respeito aos direitos humanos e a disponibilidade de recursos financeiros.
Serra, que é um virtual candidato à Presidência da República, tem se esmerado na atuação à frente da Pasta da Saúde e, mais, procurado difundir bem tudo o que faz.
Em sua opinião, a Sessão Especial da ONU representou importante avanço nas estratégias dos países para lidar com o problema da Aids.
“Esta reunião demonstrou que há saída, que é possível combater a epidemia até mesmo nas regiões mais pobres”, enfatizou.
Ele também apresentou os resultados conquistados pela política brasileira de distribuição gratuita de anti-retrovirais. Dos 600 mil (oficialmente) infectados pelo vírus HIV no país, mais de 100 mil pessoas têm acesso à terapia de medicamentos.
Por conta dessa iniciativa, a taxa de mortalidade caiu em cerca de 50% e as internações hospitalares, em 75%. De acordo com o ministro, a epidemia se estabilizou e o fornecimento de tratamento adequado permitiu reforçar os serviços de saúde pública aos portadores de HIV/Aids.
Durante seu discurso, o ministro da Saúde destacou: “O ano de 1996 representou um marco na história da AIDS. Foi o ano em que a eficácia da terapia anti-retroviral foi comprovada.
Desde então, todo brasileiro vivendo com HIV ou AIDS tem tido acesso gratuito à terapia. Atualmente, quase cem mil pessoas estão tomando esses medicamentos no Brasil. Nossa estratégia tem recompensado.
A taxa de mortalidade caiu aproximadamente em 50%; as hospitalizações tiveram uma queda de 75% e as doenças oportunistas foram substancialmente reduzidas. A epidemia se estabilizou e nossos serviços de saúde pública estão muito menos sobrecarregados”.
E, adiante, fez referência à política brasileira – de quebra de patentes para os medicamentos cujos preços são proibitivos sublinhando: ”A razão para o caráter sustentável de nossa política é a produção local de medicamentos.
O Brasil produz a custos baixos oito versões genéricas de medicamentos anti-retrovirais não patenteados. A maioria dos remédios fornecidos pelos laboratórios brasileiros são muito mais baratos do que os importados. No ano passado, apenas dois medicamentos importados consumiram 36% do total dos custos com compras de anti-retrovirais.
No entanto, a competição efetiva ou potencial das companhias locais está induzindo as indústrias estrangeiras a baixar seus custos na ordem de 70% em média. Também vale notar que a produção local é controlada por meio da aplicação das Boas Práticas de Fabricação, inspeção nos laboratórios farmacêuticos e testes de bio-equivalência. Nenhum problema relacionado à qualidade dos medicamentos foi jamais comunicado”.
E para que não pairasse dúvida quanto à legitimidade do ato, frisou: “É importante enfatizar que essa produção está totalmente em conformidade com o acordo TRIPS sobre propriedade intelectual da Organização Mundial do Comércio.
O Brasil é um membro fundador desse acordo e adaptou sua legislação em 1997, oito anos antes do prazo de 2005. Ninguém contesta a relevância dos acordos internacionais sobre direitos de propriedade intelectual.
As regras sobre patentes permitem o equilíbrio entre dois objetivos desejáveis de um lado, o interesse privado dos criadores individuais, que necessitam de fundos para as inovações e procuram oportunidade máxima de explorar suas invenções; de outro lado, o interesse público na disseminação ampla e imediata da tecnologia capaz de salvar vidas”.
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