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São Paulo, 15 de Junho de 2001 (eHealthLA) A Degeneração da Mácula
Relacionada à Idade (DMRI), doença que atinge um milhão de brasileiros, quando não
tratada, pode levar a cegueira entre 4 meses e 2 anos. A DMRI é uma das principais causas
de perda visual entre mulheres acima dos 50 anos. Um novo tratamento fotodinâmico, capaz
de interromper a evolução da doença, está sendo estudado pela Escola Paulista de
Medicina, utilizando um medicamento lançado recentemente pelo laboratório Novartis.
A cada ano, cem mil novos casos de degeneração da mácula surgem no Brasil. Mulheres com
mais de 50 anos e de pele branca são as mais atingidas. A predisposição genética,
hipertensão, menopausa e tabagismo também são fatores que aumentam o risco. Quem se
enquadra nesta descrição deve passar por exames de fundo de olho anualmente, argumenta o
Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), um dos poucos centros brasileiros capacitados
para tratar a doença.
DMRI pode levar à cegueira quando não tratada
A DMRI causa uma degeneração dos vasos sangüíneos sob a mácula, região da retina
responsável pela visão central. Ela provoca a distorção de linhas retas e a visão
central se torna opaca ou distorcida, causando uma pequena mancha no centro do olho que,
se não tratada em um pequeno intervalo de tempo, pode levar à cegueira legal.
“Existem dois tipos de Degeneração Macular Relacionada à Idade: a forma
‘seca’ e a ‘exsudativa’. Na seca, que é de evolução lenta e
progressiva, há somente lesão nas células da retina que perdem sua função de
captação de imagens após se atrofiarem irreversivelmente. Na exsudativa, que é a forma
mais agressiva e de aparecimento rápido, há o crescimento de vasos sangüíneos,
chamados de neovasos, por baixo da retina”, elucida o HOB em sua página na Internet.
De acordo com o HOB, o crescimento desses vasos, que se assemelham às raízes de uma
árvore, causa uma elevação da retina, devido à produção de líquidos ou hemorragias.
Esse local elevado da retina perde a função e, se não for tratado em uma fase precoce,
pode causar perda irreversível da função macular. Em muitos casos, a doença acaba
atingindo primeiro um olho e depois o outro, fazendo com que a visão central deficiente
de um olho seja compensada pela outra. Isso dificulta em muito o diagnóstico da
degeneração, que pode ser detectada através da Grade de Amsler, um teste fácil e
rápido. “Quando ocorre em um olho, a chance de ocorrer com o outro é muito grande
e, quanto mais tarde o diagnóstico for feito, menos o seu médico pode fazer por
você”, alerta o Hospital.
Sintomas
Conforme o HOB, os primeiros sintomas da Degeneração da Mácula são: dificuldade na
leitura de perto, mesmo com óculos correto; distorção de imagens; linhas tortas; letras
desaparecendo; manchas centrais e fixas, na visão de um ou dos dois olhos. “Esses
sintomas não são exclusivos da degeneração macular, mas são suficientes para levá-lo
o mais rápido possível a um Oftalmologista, que deverá fazer o exame de fundo de olho
e, caso verifique alterações maculares, deverá indicar exames mais precisos, como a
Angiofluoresceinografia e o OCT (Ocular Coherence Tomography)”, alerta o Hospital.
Novos tratamentos estão disponíveis - Tratamentos como técnicas cirúrgicas
(translocação macular) ou a fotocoagulação, por laser térmico de argônico, para a
eliminação dos vasos sangüíneos sub-retianos são os mais comuns, entretanto, essas
técnicas podem provocar danos na visão. Em alguns casos, indica-se o tratamento com
Laser, o que pode evitar a piora da visão ou impedir a progressão da doença já
instalada. O tratamento com o laser convencional pode impedir a piora, mas não traz
melhora da visão na grande maioria das vezes.
Atualmente, o método que vem sendo proclamado como novidade revolucionária é a terapia
fotodinâmica, que utiliza o medicamento Visudyne, produzido, no Brasil, pelo Laboratório
Novartis. A técnica e o medicamento já obtiveram a aprovação do Ministério da Saúde,
do FDA nos Estados Unidos e também da Comunidade Européia. No Brasil, os estudos são
realizados pelo departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Escola
Paulista de Medicina).
Segundo informações da Novartis, divulgadas pela sua assessoria de imprensa, “A
terapia fotodinâmica é associada à verteporfirina, substância fotossensibilizante que
é aplicada via endovenosa através do medicamento Visudyne. Sua ativação é feita
através de um laser não-térmico específico, promovendo a oclusão dos neovasos sem
danificar o tecido sadio da retina, preservando a visão”.
“O tratamento é indolor e feito no próprio consultório médico, durando cerca de
15 min”, acrescenta a assessora de imprensa da Novartis, Patrícia Feraiorni, em
entrevista pelo telefone. São necessárias aproximadamente três aplicações no primeiro
ano, que tendem a diminuir ao longo do tempo. Embora o paciente não possa recuperar a
visão perdida em função da degeneração, o Visudyne interrompe os danos à retina e
consegue, com sucesso, retardar o desenvolvimento da doença.
O Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) está apostando neste tipo de terapia,
realizada ainda em poucos lugares no mundo. “Essa tecnologia, de última geração,
permite a eliminação dos vasos que cresceram, pela utilização combinada do laser Diodo
e de uma substância fotossensível (que vem a ser o medicamento produzido pela Novartis).
Com isso são minimizadas as lesões que os tratamentos convencionais causam na
retina”, justifica o Hospital, que mantém um artigo na Internet a respeito do
assunto.
No entanto, de acordo com o HOB, em alguns tratamentos, o Laser ou Terapia Fotodinâmica
não são indicados, podendo ser feita uma cirurgia, com a técnica chamada Translocação
da Mácula. Nessa cirurgia a mácula é deslocada da sua posição original e colocada em
outra posição onde não há lesão causada pelos vasos que cresceram por baixo da
retina. “Dessa maneira colocamos o centro da mácula em uma região sadia, melhorando
a visão”, explica o Hospital.
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