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São Paulo, 4 de Abril de 2001 (eHealthLA). Resultados de um novo estudo mostram que o tratamento hormonal é tão eficaz quanto à quimioterapia, utilizada como padrão, para mulheres jovens com câncer inicial de mama.
Para estas pacientes, a quimioterapia tem sido o tratamento convencional complementar após a cirurgia.
Entretanto, sua utilização apresenta efeitos indesejáveis, como queda de cabelos, vômitos, queda dos glóbulos brancos com conseqüente predisposição a infecções, e mesmo efeitos de longo prazo mais graves, como a predisposição a leucemias e alterações da função cardíaca.
Já a terapia hormonal não apresenta tais efeitos. "Com a ausência desses efeitos colaterais tão indesejáveis, a paciente tem melhor qualidade de vida durante e após o tratamento, podendo levar uma vida praticamente normal", afirma Dr. André Murad, Professor de Oncologia e Coordenador do Serviço de Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.
Hormônio
Segundo o especialista, a medicação utilizada, a goserelina, exerce sua ação por vias diferentes em relação à quimioterapia.
“Diferente deste tratamento que mata as células cancerosas pela ação direta, a goserelina leva à supressão de estrógeno, o qual estimula a proliferação das células cancerosas, que crescem e reproduzem estimuladas pela captação do hormônio estrogênico, abundante nas pacientes femininas, especialmente as que ainda menstruam”, explica o médico.
Esse diferente mecanismo de ação produz o mesmo benefício clínico que a quimioterapia, mas evita os efeitos colaterais.
A outra grande vantagem do uso da goserelina em relação a outros procedimentos anti-hormonais , como a remoção dos ovários e mesmo a quimioterapia, é que a menopausa induzida pela mesma é reversível, ou seja, a paciente volta a ter as funções normais ovarianas uma vez que a droga seja suspensa. Este fato reduz a possibilidade de efeitos futuros, como a perda da massa óssea (osteoporose).
"Esse é um dos resultados mais relevantes da pesquisa", complementa Murad, "o que demonstra que a mulher pode voltar a ter funções ovarianas normais com a descontinuação do tratamento com a goserelina tendo ainda o benefício de não perder massa óssea".
A goserelina está aprovada em países como Alemanha, Itália e Japão. Segundo os pesquisadores, os novos dados serão submetidos a instituições regulatórias em outros países com o objetivo de permitir sua prescrição.
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