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Irradiação do Sangue Ajuda a Combater Rejeição em Transplante

05 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). O Instituto Nacional do Câncer (Inca) é a primeira instituição brasileira a aplicar uma técnica de irradiação sanguínea como tratamento para pacientes submetidos a transplante de medula óssea, informou um pesquisador do instituto nesta semana.

Segundo Luís Fernando Bouzas, diretor da unidade de transplantes do Inca, a fotoferese utiliza raios ultravioleta para reduzir a reatividade dos linfócitos T, células encontradas no sangue e responsáveis pela reação imunológica que leva à chamada doença enxerto-hospedeiro em transplantados.

"É como se os linfócitos T ficassem 'bobos' depois da fotoferese e deixassem de reconhecer pequenas diferenças que não foram detectadas pelos testes de compatibilidade", disse Bouzas à Reuters.

Segundo o especialista, a resposta imunológica a essas pequenas diferenças pode ser reações agudas ou crônicas que causam lesões em órgãos como pele e fígado e atingem 50 por cento dos pacientes submetidos a transplante de medula.

O especialista explicou que a irradiação, que é aplicada no tratamento de várias doenças, provoca alterações químicas nas células. Na fotoferese, os componentes do sangue são separados por uma máquina e os raios são aplicados somente em um concentrado de linfócitos, que depois retorna ao paciente em um procedimento semelhante à hemodiálise.

O tratamento não é contínuo e o protocolo básico é 26 sessões de três horas com intervalo de 15 dias, não havendo necessidade de internação.

"A redução da reatividade dos linfócitos não é permanente e a seletividade é maior, evitando os efeitos colaterais da quimioterapia", explicou Bouzas.

O Inca pretende envolver dez pacientes na fase piloto do estudo sobre a aplicação da técnica no tratamento de casos de transplante de medula óssea que desenvolveram doença enxerto-hospedeiro crônica.

A instituição também pretende iniciar outro experimento sobre a aplicação da técnica como tratamento de linfoma cutâneo, um tipo de câncer de pele.

"Já estamos tratando dois pacientes e o grau de regressão das lesões é surpreendente. A fotoferese é uma arma poderosa contra as formas crônicas da doença enxerto-hospedeiro", explicou Bouzas.

O estudo do Inca está sendo desenvolvido através de acordo de cooperação com a Universidade de Viena e a Therakos, divisão da Johnson & Johnson que fabrica o equipamento cujo custo é 45 mil dólares. Conforme Bouzas, um dos fatores que encarece o tratamento é o kit de separação e irradiação do sangue que é descartável e custa 800 dólares.

A fotoferese é aplicada há dez anos nos Estados Unidos e na Europa.

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