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02 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). O grupo responsável por doenças infecciosas dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA está lançando uma "nova visão" da pesquisa de Aids no mundo, que expressa preocupações crescentes com a ética na implementação de pesquisa humana com voluntários em países em desenvolvimento, disse seu diretor na terça-feira.
"A atividade vai se expandir significativamente nos próximos anos" para controlar HIV e Aids nos países em desenvolvimento, disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid).
Mas a comissão que aconselha a agência sobre prioridades na pesquisa de Aids se esforçou para desenvolver formas de implementar o plano, apesar de haver uma renda recorde para pesquisa internacional que dobrou de 50 milhões de dólares em 1997 para mais de 102 milhões de dólares atualmente.
A Comissão Conselheira Nacional de Bioética deve divulgar seu relatório final dentro de algumas semanas. O relatório vai determinar as recomendações para padrões éticos mais rígidos em experimentos envolvendo humanos em países em desenvolvimento.
Perto do topo da lista de novas diretrizes recomendadas estão regras exigindo que os pesquisadores desenvolvam formas de fornecer intervenções bem-sucedidas às comunidades participando dos testes.
A pesquisa de HIV possui um dilema particular. Os cientistas estão tentando descobrir formas de fornecer drogas anti-Aids no padrão ocidental aos países mais atingidos pela epidemia para descobrir que às vezes esses países pobres não possuem a infra-estrutura física e tecnológica necessária para continuar o tratamento.
O problema é particularmente grave em nações africanas, onde as taxas de infecção com HIV normalmente atingem mais de 30 por cento da população adulta.
"Uma das maiores fraquezas e falhas de esforços anteriores...foi na área de continuidade", disse Fauci a membros do comitê conselheiro de pesquisa de Aids do Niaid.
A nova filosofia será "aceitar nossos colegas nos países hospedeiros", afirmou Fauci.
O diretor do Niaid destacou que novos esforços serão feitos com base nos programas de pesquisa do Niaid bem-sucedidos na década de 1990 de monitoração e pesquisa de malária em Mali, um dos países mais pobres da África.
O chamado "modelo de Mali" envolveu o treinamento de pesquisadores locais na capital Bamako para desenvolver programas de monitoração da malária a longo prazo.
"Esse realmente foi um feito africano, planejado e dirigido por cientistas africanos", disse Fauci.
Mas os pesquisadores de Aids estão frente a escolhas potencialmente mais difíceis. As intervenções de malária em Mali avançaram com medidas simples como o incentivo do uso disseminado de mosquiteiros, mas a diminuição das taxas de infecção com HIV e mortes de Aids exigem monitoração, testes de sangue e administração de drogas que são extremamente caros e complexos.
"Se você não tem o diagnóstico, as capacidades de monitoração e as intervenções terapêuticas, (os esforços internacionais contra Aids vão) falhar", disse Henry H. Balfour, da Universidade de Minnesota.
Quase sempre, as combinações de drogas responsáveis pela diminuição dos índices de mortalidade de Aids no mundo industrializado nos últimos cinco anos são muito caras para os países em desenvolvimento.
"Olhando o mundo e tentando determinar prioridades, essa é realmente uma situação que não terá um final feliz", afirmou Jack Killen, diretor da divisão de Aids do Niaid.
"Temos que ver esses programas como coisas a serem feitas de forma incrementada, ao longo do tempo", disse Killen.
Killen destacou que as pesquisas e intervenções em desenvolvimento financiadas pelo Niaid serão projetadas levando em consideração as prioridades de saúde de cada país hospedeiro envolvido. Os departamentos de saúde nacionais com pouca verba devem escolher intervenções anti-Aids mais baratas, mas possivelmente menos eficazes.
"Fazer algo que é 60 por cento bom pode ser melhor do que não fazer nada", disse Sandra Lehrman, membro do comitê e presidente da Genzyme Transgenics.
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