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Síndrome do Golfo Pode Dar Pista à Síndrome da Fadiga Crônica

01 de Fevereiro de 2001 (Bibliomed). Existem semelhanças importantes entre a síndrome da Guerra do Golfo e a síndrome da fadiga crônica que podem ajudar a desvendar alguns mistérios destas doenças.

"Os sintomas das duas enfermidades são muito semelhantes", disse Lea Steele, que trabalha no Instituto de Saúde dos Veteranos da Guerra do Golfo. "Acho que os caminhos das duas doenças são diferentes, mas eles de vez em quando se cruzam", informou a especialista.

Em entrevista à Reuters Health, Steele disse que observar as diferenças e semelhanças entre as duas doenças pode resultar em novo tratamento para os distúrbios. Além disso, veteranos com a síndrome da Guerra do Golfo provavelmente vão descobrir que são mais aceitos e mais bem tratados pelos médicos que também tratam de pacientes com a síndrome da fadiga crônica.

"Os médicos que tratam da síndrome da fadiga crônica têm mais experiência em lidar com esses sintomas", explicou Steele ao apresentar suas descobertas na 5a. Conferência Internacional da American Association for Cronic Fatigue Syndrome (AACFS, sigla em inglês).

A síndrome da Guerra do Golfo é definida como um nível elevado de pelo menos três de seis sintomas dominantes (fadiga/problemas do sono, dor, sintomas neuro/cognitivos e de humor, gastrointestinais, respiratórios e cutâneos), na inexistência de outra doença capaz de explicar esses sintomas.

A síndrome da fadiga crônica (CFS) tem alguma semelhança com a da Guerra do Golfo e pesquisas anteriores sugeriram que alguns veteranos tiveram síndrome da fadiga crônica e não uma nova doença, observou Steele.

"Meu estudo descobriu que, embora exista alguma sobreposição sintomática dos dois distúrbios, os veteranos da Guerra do Golfo são diferentes dos pacientes da síndrome da fadiga crônica. Têm alguns sintomas em comum, mas os veteranos são mais propensos a relatar problemas neurológicos, gastrointestinais e de pele", disse Steele.

A pesquisadora realizou o estudo entre 1.548 veteranos da Guerra do Golfo. A síndrome da fadiga crônica foi diagnosticada em 7 por cento dos veteranos. Os padrões específicos dos sintomas que se enquadraram nos critérios para síndrome da fadiga crônica foram diferentes dos relatados pelos pacientes da síndrome na população em geral.

Por exemplo, dor de cabeça crônica, diarréia, erupções na pele e suores noturnos foram mais proeminentes entre os veteranos da Guerra do Golfo que se enquadraram nos critérios que nos pacientes de CFS.

"Em última análise, isto vai aumentar o interesse nesta área", disse Leonard Jason, professor de psicologia clínica da Universidade DePaul, em Chicago. "Grupos de ativistas estão indo ao Congresso dizer que é preciso criar serviços especializados para quem sofre da síndrome da Guerra do Golfo e a Veteran Administration vai fazer este trabalho e preparar a fundação para pessoas que não foram para guerra e que também estão doentes", avaliou Jason.

Atualmente, não existem tratamentos aprovados para nenhum destes distúrbios e os médicos apenas oferecem drogas que aliviam seus sintomas. As causas das duas doenças ainda são consideradas um mistério.

A CFS é marcada por exaustão, dores musculares, distúrbios cognitivos, que os pacientes chamam de "névoa cerebral", e vários outros sintomas físicos. Estima-se que cerca de 800 mil norte-americanos têm a síndrome, a maioria deles mulheres. Para Steele, a maioria dos pacientes que apresenta as duas doenças não recebe tratamento adequado.

"É verdade. Muitos pacientes com síndrome da fadiga crônica e da Guerra do Golfo têm dificuldade para encontrar um médico capaz de ajudá-los", disse Steele. "É comum terem dificuldades até mesmo de encontrar médicos que acreditem que estão doentes e não estão apenas tendo algum tipo de distúrbio mental", disse a pesquisadora.

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