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Lesões de violência doméstica freqüentemente são ignoradas

NEW YORK, (Reuters Health) – Lesões devido à violência em casa – como violência doméstica e surras violentas – são relatadas por mães com mais freqüência do que são observadas por médicos, de acordo com os resultados de um estudo. Uma vez que os pediatras têm contato íntimo com as mães e crianças, eles são os únicos que têm uma chance de detecção do abuso, explicam os pesquisadores. Porém, muitos deixam passar esta oportunidade.

De acordo com uma pesquisa de mais de 1.100 pais e seus pediatras, os pesquisadores encontraram que os médicos detectam a violência doméstica em apenas uma fração dos casos. Apesar de mais de 4% dos pais haver relatado abuso do cônjuge, os pediatras detectara apenas 0.3% dos casos de abuso, relatam os autores do estudo na edição de maio da Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine.

Para prestar cuidados completos à saúde física e mental da criança, os pediatras devem ter uma compreensão completa do tipo de vida da criança em casa, observa Bonnie D. Kerker da Escola de Medicina da Universidade de Yale em New Haven, Connecticut, e colaboradores. Mesmo se uma mãe abusada não confia no médico da criança, acrescentam os pesquisadores, o pediatra deve observar as equimoses ou sinais de depressão, ansiedade, ou consultas freqüentes ao médico sem motivo aparente.

“Historicamente, nossa resposta como médicos ao abuso infantil e violência doméstica tem sido muito distante,” disse a Dra. Rosalind J. Wright à Reuters Health. “Consequentemente, as escolas de medicina estão apenas começando a ensinar os médicos em formação a respeito da complexa dinâmica da violência familiar.” Wright, da Escola de Medicina de Harvard em Boston, Massachusetts, escreveu em um editorial que acompanha o estudo.

A pesquisa mostrou que além de não detectar o abuso às mães, poucos pediatras sabem quando uma criança está sofrendo “castigos muito duros” em casa. Enquanto quase 22% dos pais admitem bater em suas crianças com força suficiente para deixar marcas, os médicos identificam abusos físicos em apenas 0.5% dos pacientes. Isto, sugerem Kerker e seus colaboradores, pode ser porque os médicos nunca vêem as marcas ou porque eles não as reconhecem como abuso. Mães que relatam violência doméstica também são mais propensas a relatar que batem em suas crianças a ponto de deixar marcas.

Estes resultados, de acordo com os autores do estudo, indicam que a violência doméstica é “mais difundida do que os médicos pensam” e que não é limitada às mulheres que freqüentam as salas de emergência.

Estudos anteriores, observam os pesquisadores, demonstraram que os médicos podem ser muito mais relutantes do que os pacientes na discussão do abuso doméstico. Uma pesquisa revelou que enquanto 78% dos pacientes são favoráveis ao questionamento rotineiro de seus médicos a respeito de situações de abuso, somente 33% dos médicos sentem o mesmo.

De acordo com a equipe de Kerker, estes resultados mostram uma “grande perda de oportunidade” de percepção da violência doméstica no consultório dos pediatras.

A despeito desta perda de oportunidade, Kerker disse à Reuters Health que “as mulheres precisam começar a receber a mensagem de que a comunidade médica vê a violência doméstica como um problema médico e de saúde pública.”

FONTE: Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine 2000;154:431-433, 457-462.

Sinopse preparada por Reuters Health

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