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Dentistas Podem Identificar Violência Doméstica

15 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Muitos casos de violência doméstica poderiam ser detectados pelos dentistas ainda que a maioria dos profissionais nunca examine suas pacientes em busca de sinais de abuso, segundo resultados de uma pesquisa.

Os motivos são a presença do companheiro ou filho durante a consulta, medo de ofender ou constranger as pacientes, falta de treinamento para lidar com violência doméstica e falta de conhecimento sobre como proceder nesses casos, que impedem os profissionais de agir.

Dentistas com bons conhecimentos sobre violência tendem a fazer observações sobre suas suspeitas de abuso no prontuário da paciente, encaminhá-las a serviços especializados e mostrar sua preocupação quanto à segurança da paciente, segundo artigo publicado na edição de janeiro do Journal of the American Dental Association.

"À medida que a violência doméstica é reconhecida como um problema de saúde pública, aumenta a consciência de que os dentistas têm oportunidade, obrigação legal e ética de identificar e fazer os encaminhamentos apropriados das vítimas", avaliou a equipe de Barbara Gerbert, da Escola de Odontologia da Universidade da Califórnia.

Em entrevista à Reuters Health, Gerbert sugeriu que os dentistas deveriam perguntar sobre a vida doméstica de pacientes com suspeita de terem sofrido abuso ou perguntar sobre a causa dos ferimentos na cabeça e no pescoço, geralmente consequência do abuso.

"Já que os profissionais de saúde oral avaliam rotineiramente a cabeça e o pescoço dos pacientes, os dentistas têm uma oportunidade única para identificar se uma mulher está sendo vítima de abuso e para interferir", informaram os autores.

A pesquisa verificou que 47 por cento dos dentistas disseram que suspeitavam quando uma paciente era vítima de violência doméstica, mas apenas 15 por cento disse que perguntou aos pacientes sobre abuso nas consultas de rotina.

Do total, 19 por cento dos dentistas disseram que não faziam exames ou perguntas sobre abuso mesmo quando as pacientes tinham sinais visíveis de traumatismo. Quase três quartos dos dentistas (71 por cento) não receberam orientação sobre violência doméstica na faculdade nem em programas de educação continuada.

Os pesquisadores quase chegaram a recomendar a realização de exames específicos em todas as pacientes de consultórios odontológicos e, em vez disso, fizeram um apelo para que o assunto seja incluído no currículo das faculdades de odontologia e programas de educação continuada.

"Esperamos que, no futuro, examinar pacientes e interferir na violência doméstica faça parte da responsabilidade profissional dos dentistas", disse Gerbert.

O estudo lembra que as mulheres relutam em admitir que são vítimas de violência doméstica por medo de retaliação, sentimento de culpa e negação. Os dentistas e outros profissionais de saúde também podem relutar em mencionar o assunto por falta de tempo, recursos e treinamento, assim como sentimento de impotência em relação a uma futura melhora da situação da paciente.

Os resultados foram baseados em uma amostra nacional de 321 dentistas.

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