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Estudo genético associa endometriose a distúrbios psiquiátricos

02 de janeiro de 2024 (Bibliomed). A endometriose é muito mais do que uma condição que afeta o útero: é uma doença sistêmica que envolve todo o corpo. A maior pesquisa epidemiológica até o momento sobre fatores psiquiátricos associados à endometriose demonstrou que depressão, ansiedade e transtornos alimentares não são apenas resultados da dor crônica gerada pela endometriose, mas também têm mecanismos genéticos subjacentes próprios.

A endometriose é uma condição extremamente dolorosa em que tecido semelhante à mucosa do útero cresce fora do útero. A doença se manifesta em diversos sintomas, como dor pélvica, abdominal e lombar, sangramento intenso, dor durante o sexo, dor ao urinar e evacuar, constipação ou diarreia, edema, náuseas, fadiga e infertilidade.

Uma pesquisa genética envolvendo 8.276 mulheres com endometriose e 194.000 controles femininos encontrou evidências de que a pleiotropia pode estar associada às comorbidades de depressão, ansiedade e transtornos alimentares observadas em pacientes com endometriose.

A endometriose, uma patologia ginecológica crônica com impacto significativo na saúde das mulheres, não está apenas ligada a sintomas físicos graves. A doença também está associada a várias comorbidades psiquiátricas, incluindo depressão e ansiedade.

O objetivo deste novo estudo foi investigar se a pleiotropia contribui para a associação da endometriose com depressão, ansiedade e transtornos alimentares. A pesquisa foi realizada através da combinação de informações genotípicas e fenotípicas do UK Biobank com estatísticas de associação genômica disponíveis no Psychiatric Genomics Consortium (11 países), Million Veteran Program (EUA), FinnGen study (Finlândia) e no consórcio CHARGE (Cohorts for Heart and Aging Research in Genomic Epidemiology) (5 países).

Os resultados revelaram associações genéticas e fenotípicas da endometriose com ansiedade, depressão e transtornos alimentares. A análise sugere que a pleiotropia, a influência de um único gene em múltiplos traços fenotípicos, pode estar por trás das relações complexas entre endometriose e esses distúrbios psiquiátricos.

Essa pesquisa destaca a importância de considerar a patogênese da endometriose sob uma perspectiva mais abrangente, que inclui tanto a saúde mental quanto a física. Compreender as conexões genéticas entre a endometriose e esses distúrbios pode oferecer insights valiosos para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e abordagens mais completas para cuidar das pacientes.

O estudo, publicado JAMA Network Open, contribui para uma compreensão mais profunda das complexas interações entre saúde mental e saúde física em mulheres com endometriose, abrindo caminho para abordagens mais holísticas na abordagem dessa condição multifacetada.

Fonte: JAMA Network Open. DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2022.51214.

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