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Comprimento do Telômero é Associado a Risco de Demência

Por Anne Harding

NOVA YORK (Reuters Health) - A leitura do relógio celular biológico pode, algum dia, ajudar a identificar pessoas com risco de desenvolver demência e outros problemas, décadas antes que atinjam a velhice, informaram cientistas alemães.

Os pesquisadores acreditam que os antioxidantes poderiam impedir a deterioração relacionada à idade.

O relógio em questão está baseado no telômero, uma pequena parte de material genético encontrado na extremidade do cromossomo. Cada vez que a célula se divide, uma porção do telômero é perdida. Quando o telômero atinge um certo comprimento, dispara um programa de suicídio celular e a célula morre.

A equipe de Thomas von Zglinicki do Evangelische Geriatriezentrum, de Berlim, verificou uma forte associação entre o comprimento do telômero, quanto tempo resta no seu relógio biológico, e demência vascular, um tipo de dano cerebral causado por doença vascular.

Os pesquisadores mediram os telômeros nas células brancas do sangue, coletadas de 186 pessoas, incluindo 149 pessoas com 55 anos de idade ou mais. Do grupo, 41 pacientes tinham demência vascular confirmada.

Indivíduos com telômeros mais curtos nas células sanguíneas foram três vezes mais propensos a ter demência vascular, mas aqueles com telômeros mais longos foram 100 vezes menos propensos a ter demência vascular. Os telômeros geralmente ficam mais curtos com a idade.

Pessoas com doença de Alzheimer assim como pessoas com doença vascular, mas não demência, não apresentaram telômeros curtos, segundo o trabalho publicado no periódico Laboratory Investigation.

Os pesquisadores sugeriram que o comprimento do telômero é um marcador para a habilidade de uma pessoa resistir ao stress oxidativo, um processo no qual subprodutos do metabolismo normal danificam as células e o DNA. O stress oxidativo tem um papel importante no processo de envelhecimento.

Os pesquisadores verificaram, em células humanas, a taxa em que os telômeros encurtados se relacionam com a habilidade da célula para resistir ao dano oxidativo. As células que foram mais vulneráveis ao dano oxidativo tinham telômeros que encurtavam mais rápido, enquanto as células que foram mais hábeis para resistir aos danos tinham uma taxa mais lenta de encurtamento do telômero.

Atualmente, não há maneira de prognosticar quem vai ter demência vascular, a segunda causa de demência nos países desenvolvidos depois da doença de Alzheimer. Von Zglinicki sugeriu que o comprimento do telômero poderia um dia ser usado para identificar pessoas com risco para o problema.

Como atualmente medir o comprimento dos telômeros é um processo demorado, se houvesse demanda suficiente poderia ser possível desenvolver técnicas para facilitar o procedimento, indicou o trabalho. A estratégia lógica para a prevenção poderia ser terapia prolongada com antioxidantes, completou o pesquisador.

Ele observou que mais pesquisas são necessárias para confirmar esses resultados.

"Um problema é que a eficiência do uso isolado de antioxidante é, na melhor das hipóteses, questionável. O outro problema é que estamos falando de longo prazo, provavelmente décadas", disse o especialista. "Não há experiência sobre o efeito colateral a longo prazo dos antioxidantes. Por fim, estão as decisões relativas ao estilo de vida o que significa monitorar o efeito cumulativo", disse o especialista.

Sinopse preparada por Reuters Health

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