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Estudo indica ligação entre adoçantes e doenças cardiovascualres

17 de abril de 2022 (Bibliomed). Vários estudos associaram o consumo de adoçantes artificiais ou bebidas adoçadas artificialmente (BAA) ao ganho de peso, pressão alta e inflamação, mas os resultados permanecem confusos sobre o papel dos adoçantes artificiais na causa de várias doenças, incluindo doenças cardiovasculares (DCV). Os adoçantes artificiais são amplamente utilizados como alternativas sem ou com baixas calorias ao açúcar. Eles representam um mercado global de US$7,2 bilhões e são encontrados em milhares de produtos em todo o mundo, principalmente alimentos ultraprocessados, como bebidas adoçadas artificialmente, alguns lanches e refeições prontas de baixa caloria.

Um grande estudo de adultos franceses publicado pela revista BMJ sugere uma potencial associação direta entre maior consumo de adoçantes artificiais e aumento do risco de doenças cardiovasculares, incluindo infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral.

Em um novo estudo, uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica e colegas usaram dados de 103.388 participantes (idade média de 42 anos; 80% do sexo feminino) do estudo NutriNet-Santé baseado na web, lançado na França em 2009. O estudo buscava investigar as relações entre nutrição e saúde. A ingestão alimentar e o consumo de adoçantes artificiais foram avaliados por registros alimentares repetidos de 24 horas e uma série de fatores de saúde, estilo de vida e sociodemográficos potencialmente influentes foram levados em consideração. Adoçantes artificiais de todas as fontes alimentares (bebidas, adoçantes de mesa, laticínios, etc.) e por tipo (aspartame, acessulfame de potássio e sucralose) foram incluídos na análise.

Um total de 37% dos participantes consumiu adoçantes artificiais, com ingestão média de 42,46mg/dia, o que corresponde a aproximadamente um pacote individual de adoçante de mesa ou 100 mL de refrigerante diet. Entre os participantes que consumiram adoçantes artificiais, as ingestões médias para as categorias de consumidores de baixas quantidades (inferiores) e altas quantidades (superiores) foram 7,46 e 77,62mg/dia, respectivamente.

Durante um período médio de acompanhamento de nove anos, ocorreram 1.502 eventos cardiovasculares. Eles incluíram infarto do miocárdio, angina, necessidade de angioplastia, ataque isquêmico transitório e acidente vascular cerebral.

Os pesquisadores constataram que a ingestão total de adoçantes artificiais estava associada a um risco aumentado de doença cardiovascular (taxa absoluta de 346 por 100.000 pessoas-ano em consumidores mais altos e 314 por 100.000 pessoas-ano em não consumidores). Os adoçantes artificiais foram mais particularmente associados ao risco de doença cerebrovascular (taxas absolutas de 195 e 150 por 100.000 pessoas-ano em maiores e não consumidores, respectivamente). A ingestão de aspartame foi associada ao aumento do risco de eventos cerebrovasculares (186 e 151 por 100.000 pessoas-ano em maiores e não consumidores, respectivamente), enquanto o acessulfame de potássio e a sucralose foram associados ao aumento do risco de doença coronariana (acesulfame de potássio: 167 e 164 por 100.000 pessoas-ano; sucralose: 271 e 161 por 100.000 pessoas-ano em consumidores maiores e não, respectivamente).

Os achados indicam que esses aditivos alimentares, consumidos diariamente por milhões de pessoas e presentes em milhares de alimentos e bebidas, não devem ser considerados uma alternativa saudável e segura ao açúcar, em consonância com o posicionamento atual de diversos órgãos de saúde.

Fonte: The BMJ (2022). DOI: 10.1136/bmj-2022-071204.

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