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Por Anne Harding
NOVA YORK (Reuters Health) - Mulheres com câncer de colo de útero tratadas com radiação enfrentam um risco ainda maior de sofrer sérias complicações se forem fumantes, segundo mostra um estudo recente. E quanto mais fumarem, mais o risco aumentará.
Pesquisadores do Anderson Cancer Center da Universidade do Texas, em Houston, analisaram os registros de 3.495 mulheres tratadas com radiação e cirurgia, ou apenas radiação. Das 1.172 fumantes, 11,6 por cento tiveram sérias complicações em um período de 10 anos de tratamento, comparadas com 5,4 por cento das 2.143 não-fumantes.
Enquanto as mulheres que nunca fumaram tiveram menos de 2 por cento de risco de complicações sérias no intestino delgado, as mulheres que fumaram mais de um maço por dia aumentaram o risco destas complicações em seis vezes, chegando a 13 por cento.
Conforme a coordenadora do estudo, Patricia Eifel, a complicação mais comum observada pelos pesquisadores foi a obstrução do intestino delgado, que fez necessário o tratamento com cirurgia e sangramento retal ou do aparelho urinário, severo o bastante para também necessitar de uma transfusão.
As complicações foram consideradas muito sérias quando exigiram hospitalização, transfusão ou cirurgia; produziram dano na parede da bexiga ou do reto, ou resultaram em morte ou perda de um rim.
"Realmente não sabemos se fumar antes, durante ou depois do tratamento é o que aumenta o risco de sérias complicações, ou se fumar nas três situações é a causa do problema", disse Eifel. "Temos muitas idéias, mas nenhuma resposta sobre como o fumo aumenta esse risco. O fumo em si danifica o tecido e pode causar pequenos danos vasculares; a radiação também pode causar pequenos danos vasculares", disse a pesquisadora.
O estudo verificou que mulheres hispânicas tiveram uma taxa muito menor de complicações gastrointestinais (3,6 por cento) do que mulheres negras ou brancas, cujas taxas de complicações foram 9,4 por cento e 8,4 por cento, respectivamente. As mulheres hispânicas fumaram menos do que as negras ou brancas, mas isso não foi suficiente para causar a diferença, observou Eifel.
Conforme a pesquisadora, o fumo provavelmente aumentou o risco de complicações em pacientes com outras doenças que estavam sendo tratadas com radiação, provavelmente também naquelas que se submeteram à quimioterapia. "É provável que isso não esteja limitado a pacientes tratadas com radiação para câncer de colo de útero", disse Eifel.
Os pesquisadores apresentaram o trabalho no encontro anual da American Society for Therapeutics Radiology e Oncology (Sociedade Americana para Radiologia Terapêutica e Oncologia), em Boston (Massachusetts), em outubro.
Sinopse preparada por Reuters Health
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