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Herpes Pode Aumentar Risco de Enfarte, Sugere Estudo

Por Merritt McKinney

NOVA YORK (Reuters Health) - Não é novidade que fatores do estilo de vida como dieta e exercícios afetam o risco de doenças cardíacas, no entanto, novas pesquisas vêm reforçar a evidência de que infecções e inflamação também podem ter alguma influência.

Os resultados de um novo estudo sugerem que pessoas que foram infectadas com o vírus do herpes simples do tipo 1 (HSV-1), que causa vesículas na boca, estão mais propensas a sofrer um enfarte do que pessoas que não foram expostas ao vírus.

Em um estudo com mais de 600 pessoas com 65 anos ou mais, aquelas que apresentavam anticorpos ao HSV-1 no sangue estavam duas vezes mais propensas a ter sofrido um enfarte ou terem morrido de doenças cardíacas, afirmam pesquisadores na edição de 7 de novembro de Circulation: Journal of the American Heart Association.

Não se sabe ainda como a infecção com HSV-1 pode aumentar o risco de doenças cardíacas. Os cientistas, coordenados por David S. Siscovick, da Universidade de Washington, em Seattle, concluem, no entanto, que a relação pode ser importante, uma vez que HSV-1 é uma infecção comum.

De acordo com Siscovick e sua equipe, infecções com organismos como "Chlamydia pneumoniae" e citomegalovírus não estavam relacionadas a um maior risco de enfarte ou morte ligada a doenças cardíacas.

Em pessoas com níveis muito altos de clamídias, no entanto, os resultados do estudo sugerem que pode haver uma relação.

Partindo da idéia de que a infecção com clamídias pode aumentar o risco de doenças cardíacas, resultados de outro estudo publicado na mesma edição identificam uma maneira possível de que infecções de outras partes do corpo possam se mover para o coração.

Em um estudo de 28 pessoas com doenças cardíacas e 19 doadores de sangue saudáveis, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Davis, descobriram que as bactérias clamídias, que primariamente causam infecções pulmonares, eram capazes de se espalhar a vasos sanguíneos maiores, aparentemente através de células sanguíneas brancas chamadas linfócitos T, disse um dos autores do estudo, Ravi Kaul, à Reuters Health.

Essas células carregam em sua superfície um marcador imunológico chamado CD3 e testes de DNA mostraram sinais da bactéria nestas células, de acordo com Kaul.

"O que torna este estudo mais interessante é o fato de que células imunológicas CD3, que carregam clamídia, devem proteger um indivíduo contra o organismo invasor", acrescentou Kaul.

"O conceito de que infecções como "Chlamydia pneumoniae" podem participar no endurecimento das artérias é revolucionário pois pode significar que algumas formas de doenças cardíacas são tratáveis e podem ser prevenidas com antibióticos", afirmou Kaul.

Um terceiro estudo publicado na revista ajuda a explicar porque pessoas com altos níveis de inflamação normalmente não sobrevivem a um enfarte.

Partindo do princípio de que pessoas com altos níveis de inflamação estão mais propensas a sofrer um enfarte -- e menos propensas a sobreviver -, cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, analisaram a inflamação e o fluxo sanguíneo em 975 participantes de um estudo com um droga que dissolve coágulos.

Alguns participantes apresentavam artérias obstruídas e alguns tinham artérias sem obstrução.

"Pacientes com inflamação -- elevação da contagem de células sanguíneas brancas -- apresentaram um fluxo sanguíneo mais pobre no músculo cardíaco e mais coágulos sanguíneos na artéria recebendo a droga que dissolve coágulos do que pacientes com contagens de células brancas baixas", disse um dos autores do estudo, C. Michael Gibson, em um comunicado da Associação Americana do Coração.

Pessoas com inflamação também estavam mais propensas a desenvolver insuficiência cardíaca congestiva, de acordo com o estudo.

"Estas relações podem explicar as altas taxas de mortalidade entre pacientes (enfartados) com uma contagem elevada de células sanguíneas brancas e ajudar a esclarecer o crescente número de evidências que relaciona a inflamação e doenças cardiovasculares", concluem Gibson e sua equipe.

O estudo recebeu financiamento da Genentech.

Sinopse preparada por Reuters Health

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