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Brasil é Exemplo na AL e Caribe no Combate à Aids, Diz ONU

Por Shasta Darlington

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A epidemia de Aids está aumentando nos países da América Latina e do Caribe, e isso precisa ser combatido com a discussão de temas polêmicos como sexo entre homossexuais e o uso da camisinha, disse na segunda-feira a Organização das Nações Unidas (ONU). Como exemplo a ser seguido no combate à doença, a ONU citou o Brasil.

"O reconhecimento de que a América Latina, com exceção do Brasil, está enfrentando uma crise de Aids crescente não está acontecendo", disse o diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para a Aids (Unaids), Peter Piot, a repórteres antes da abertura da conferência regional de Aids, no Rio de Janeiro, na segunda-feira.

O Caribe possui a segunda maior taxa de infecção com HIV do mundo, atrás somente da África subsaariana, com 5 por cento dos adultos do Haiti e mais de 4 por cento dos adultos das Bahamas vivendo com o vírus.

Muitos países da América Latina não ficam muito atrás. A incidência do vírus entre gays da América Latina é particularmente alta, por exemplo.

"O risco de morrer de Aids está acima de 50 por cento em algumas comunidades (...). Isso é inaceitável", afirmou Piot.

Cerca de 1,6 milhão de pessoas vivem com o HIV na região e cerca de 600 pessoas se infectam com o vírus a cada dia.

Piot disse que o Brasil se tornou um líder na luta contra a Aids, com um programa de distribuição gratuita de drogas e propagandas sobre o uso de preservativo, no entanto, o restante da região resolveu fechar os olhos para o problema.

O diretor-executivo da Unaids destacou o fato de que, na maioria dos países da região, menos de 50.000 dólares ao ano são gastos em prevenção junto à comunidade gay.

Outro obstáculo para programas de Aids nesses países tem sido a religião. "Talvez, na América Latina, mais do que em qualquer outra região do mundo, o uso de preservativos como um instrumento que pode salvar vidas é controverso", disse Piot. Piot ressaltou que a Igreja vem tendo diferentes respostas em diferentes comunidades e tem tendido a apoiar o uso de preservativos localmente. Embora países católicos como Espanha, Itália e Bélgica, pátria de Piot, tenham achado formas de promover o uso da camisinha, os latino-americanos, mais conservadores, têm permitido que a intervenção da Igreja.

Segundo ele, a região precisa reconhecer que a Aids corresponde a uma crise crescente e aplicar realmente recursos onde eles são necessários.

O diretor-executivo do Unaids apontou o Brasil como um exemplo para a região e o mundo. O país apresentava uma das taxas de HIV mais altas do mundo em 1985, mas enfrentou a crise abertamente, trabalhando em conjunto com organizações não-governamentais (ONGs) e autoridades locais para decidir onde os recursos deveriam ser melhor aplicados.

Além disso, o Brasil desafiou os grandes laboratórios ao começar a fabricar drogas anti-Aids a um custo menor. Concorrentes internacionais tiveram que reduzir os preços das drogas anti-retrovirais em mais de 70 por cento.

Piot fez um apelo aos outros países para seguir o exemplo do Brasil em programas de prevenção eficazes e disse que o Unaids está trabalhando com governos e outras agências para tentar negociar compras volumosas de drogas para a região que poderão ajudar a reduzir os preços das drogas ao mesmo nível do Brasil.

Cerca de 0,5 a 0,6 por cento da população adulta brasileira está infectada com o HIV.

A cidade do Rio é sede do fórum de cinco dias sobre a Aids na América Latina e Caribe que irá discutir a prevenção e políticas de tratamento da doença.

Sinopse preparada por Reuters Health

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