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COVID-19 poderia se tornar uma gripe leve na próxima década

23 de junho de 2021 (Bibliomed). Na próxima década, a gravidade do COVID-19 pode diminuir à medida que as populações desenvolvam imunidade coletiva.

Segundo uma nova pesquisa realizada por investigadores da Universidade de Utah, Estados Unidos, na próxima década, o novo coronavírus responsável pela COVID-19 poderia se tornar pouco mais que um incômodo, causando não mais do que tosses e coriza semelhantes ao resfriado comum. Esse possível futuro é previsto por modelos matemáticos que incorporam lições aprendidas com a pandemia atual sobre como a imunidade do nosso corpo muda ao longo do tempo. O estudo foi publicado na revista Viruses.

As descobertas sugerem que as mudanças na doença podem ser causadas por adaptações de nossa resposta imunológica, e não por mudanças no próprio vírus. Embora o SARS-CoV-2 (o coronavírus que causa COVID-19) seja o membro mais conhecido dessa família de vírus, outros coronavírus sazonais circulam na população humana - e são muito mais benignos. Algumas evidências indicam que um desses parentes causadores de resfriados pode ter sido grave no passado, dando origem à pandemia de “gripe russa” no final do século XIX. Os paralelos levaram os cientistas da Universidade de Utah a se perguntar se a gravidade do SARS-CoV-2 poderia diminuir de forma semelhante com o tempo.

Para testar a ideia, eles construíram modelos matemáticos que incorporam evidências sobre a resposta imunológica do corpo ao SARS-CoV-2 com base nos dados da pandemia atual. Os dados em que os autores da pesquisa se basearam foram os seguintes:

*É provável que haja uma resposta à dose entre a exposição ao vírus e a gravidade da doença.
* Uma pessoa exposta a uma pequena dose do vírus terá maior probabilidade de ter um caso leve de COVID-19 e liberar pequenas quantidades do vírus.
* Já os adultos expostos a uma grande dose de vírus têm maior probabilidade de ter doenças graves e espalhar mais vírus.
* O uso de máscaras e o distanciamento social diminuem a carga viral.
* É pouco provável que as crianças desenvolvam doenças graves.
* Os adultos que tiveram COVID-19 ou foram vacinados estão protegidos, na maioria das vezes, contra formas graves da doença.

A execução de várias versões desses cenários mostrou que os três mecanismos em combinação criam uma situação em que uma proporção crescente da população se tornará predisposta a doenças leves em longo prazo. Nesse cenário, o SARS-CoV-2 se tornaria “apenas outro coronavírus sazonal”.

Os modelos não levam em consideração todas as influências potenciais na trajetória da doença. Por exemplo, se novas variantes de vírus superarem a imunidade parcial, o COVID-19 pode piorar. Além disso, as previsões baseiam-se nas principais premissas da sustentação do modelo.

Fonte: Viruses 2021. DOI: 10.3390/v13050854.