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15 de abril de 2021 (Bibliomed). Mais uma morte ocorreu após uso de hidroxicloroquina (HCQ) nebulizada em um paciente do estado do Amazonas. Ao todo, somam-se cinco mortes, incluindo um bebê prematuro. Na nebulização, o medicamento é ofertado ao paciente em formato de aerossol.
Mas, de onde vem essa ideia “genial” de uso da hidroxicloroquina? Inicialmente, deve-se lembrar que a própria Organização Mundial de Saúde já alertou contra o uso deste medicamento na COVID-19, por não ser eficaz, além de trazer potenciais efeitos colaterais para os pacientes (veja AQUI).
Um estudo alemão publicado em setembro de 2020 propôs o uso de HCQ como aerossol na dosagem de 2–4 mg por inalação a fim de atingir níveis terapêuticos suficientes nas células epiteliais alveolares. Ao usar um aerossol não sistêmico de baixa dosagem, as reações adversas ao medicamento seriam acentuadamente reduzidas em comparação com a aplicação oral. Este aumento da tolerabilidade permitiria um uso mais amplo para prevenção e após o contato com uma pessoa infectada, o que seria uma vantagem principalmente para os pacientes de alto risco, muitas vezes com várias comorbidades e nos idosos.
O estudo, disponível em uma publicação chamada Medical Hypotheses, apresentou dados empíricos sobre a aplicação de aerossol de uma semana por dois dos autores. A hipótese dos autores seria a de que a HCQ, especialmente como uma aplicação de aerossol, iria prevenir ou pelo menos reduzir significativamente a taxa de replicação do vírus SARS-CoV-2 na fase inicial da infecção e, subsequentemente, reduzir substancialmente o número de pneumonias graves e vítimas. 1
Este trabalho inicial não passava de uma HIPÓTESE a ser testada. Depois, em dezembro de 2020 um outro artigo alemão propôs um MODELO para a administração da HCQ por nebulização. Mas se trava apenas de um modelo, e não um estudo comparativo em seres humanos. 2
Existem na internet vários outros artigos e informações não científicas a respeito da HCQ nebulizada. O próprio “médico” Presidente Bolsonaro, em transmissão ao vivo no dia 11/2/2021, indicou “cloroquina em nebulização” para os pacientes. “Relatos que em poucas horas, (o paciente) se sentiria aliviado e partiria pra cura”, afirmou. (Jornal Estado de Minas, 11/02/2021, 21:35 h).
Resumindo a questão: trata-se de um tratamento por uma via – a nebulização - com um medicamento não comprovado e não aprovado para uso na COVID-19.
Fonte: 1. Klimke A, Hefner G, Will B, Voss U. Hydroxychloroquine as an aerosol might markedly reduce and even prevent severe clinical symptoms after SARS-CoV-2 infection. Med Hypotheses. 2020;142:109783. DOI: 10.1016/j.mehy.2020.109783.
2. Idkaidek N, Hawari F, Dodin Y, Obeidat N. Development of a Physiologically-Based Pharmacokinetic (PBPK) Model of Nebulized Hydroxychloroquine for Pulmonary Delivery to COVID-19 Patients. Drug Res (Stuttg). 2020 Dec 30. doi: 10.1055/a-1325-0248. Epub ahead of print. PMID: 33378773.
Copyright © 2021 Bibliomed, Inc.
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