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Crise da Covid no Brasil é um alerta para o mundo inteiro, diz o New York Times 

03 de março de 2021 (Bibliomed). O Brasil está registrando um número recorde de mortes e a disseminação de uma variante mais contagiosa do coronavírus, que pode causar reinfecção. Isso associado a um sistema de saúde sobrecarregado e à beira do colapso. 

Segundo reportagem de capa de hoje do jornal The New York Times, a Covid-19 já deixou um rastro de morte e desespero no Brasil, um dos piores do mundo. Agora, um ano após o início da pandemia, o país está estabelecendo outro recorde doloroso. 

Nenhuma outra nação que teve um surto tão grande da COVID-19 ainda está lutando contra o número recorde de mortes e um sistema de saúde à beira do colapso. Muitas outras nações duramente atingidas estão, em vez disso, dando passos em direção a uma aparente normalidade. 

Mas o Brasil está lutando contra uma variante mais contagiosa que atingiu uma grande cidade, Manaus, e está se espalhando para outras, ao mesmo tempo que os brasileiros deixam de tomar medidas de precaução que poderiam mantê-los seguros. Estudos preliminares sugerem que a variante que acometeu a cidade de Manaus não só é mais contagiosa, mas também parece capaz de infectar algumas pessoas que já se recuperaram de outras versões do vírus (causando reinfecções). E a variante ultrapassou as fronteiras do Brasil, aparecendo em outras duas dezenas de países e em pequeno número nos Estados Unidos.

Na terça-feira, o Brasil registrou mais de 1.700 mortes de Covid-19, o maior número de vítimas da pandemia em um único dia. Em nota, a associação nacional dos secretários de saúde disse que, "infelizmente, a liberação em quantidade mínima de vacinas e o ritmo lento em que estão se tornando disponíveis ainda não sugere que esse cenário será revertido no curto prazo". 

Segundo o jornal americano, uma tentativa do governador do Amazonas, Wilson Lima, de impor uma nova quarentena antes do feriado do Natal, encontrou forte resistência de empresários e políticos proeminentes próximos ao presidente Jair Bolsonaro. Em janeiro, os cientistas descobriram  uma nova variante, que ficou conhecida como P.1, e que havia se tornado dominante no estado. Em poucas semanas, o perigo ficou claro quando os hospitais da cidade ficaram sem oxigênio em meio a uma multidão de pacientes, levando dezenas de pessoas à morte por sufocamento. 

A variante se espalhou rapidamente. No final de janeiro, um estudo de pesquisadores do governo descobriu que ela estava presente em 91 por cento das amostras sequenciadas no estado do Amazonas. No final de fevereiro, as autoridades de saúde relataram casos da variante P.1 em 21 dos 26 estados brasileiros. Porém a sua real prevalência é desconhecida, uma vez que o número de sequenciamentos do vírus realizado no Brasil é muito baixo.  Nos Estados Unidos, o sequenciamento é feito em 1 a cada 200 casos confirmados de COVID-19, enquanto que no Brasil se faz um sequenciamento a cada 3.000 casos confirmados. 

O artigo termina analisando o quadro político que levou à situação atual: segundo o texto, o governo não conseguiu garantir um número suficiente de doses das vacinas. Os países mais ricos abocanharam a maior parte do suprimento disponível, enquanto que Bolsonaro tem sido cético quanto ao impacto da doença e das vacinas. E muitos brasileiros têm pouca fé em um governo liderado por um presidente que sabotou os lock-downs, repetidamente minimizou a ameaça do vírus e promoveu medicamentos não testados mesmo depois de cientistas dizerem que eles claramente não funcionavam. 

Ainda na semana passada, o presidente falou com desdém das máscaras, que estão entre as melhores defesas para conter o contágio, alegando que fazem mal às crianças, causando dores de cabeça e dificuldade de concentração. 

Fonte: The New York Times. March 3, 2021.

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