Notícias de saúde
Por Mike Collett-White
LONDRES (Reuters) - Companhias aéreas internacionais estiveram sob fogo cruzado na
segunda-feira por causa da "síndrome da classe econômica", risco dos
passageiros de sofrer tromboses potencialmente fatais causadas pelo pouco espaço durante
vôos de longa distância.
O apelo por mais segurança aconteceu depois da morte de Emma Chistoffersen, uma
britânica de 28 anos de idade, que entrou em colapso na sala de desembarque do aeroporto
Heathrow, depois de chegar em um vôo da Qantas Airways na volta de uma visita à
Austrália, durante os Jogos Olímpicos.
A assistente de vendas da Marks and Spencer se sentiu mal na última parte da viagem de 12
mil milhas (19 mil Km), em setembro, e morreu antes de chegar ao hospital.
A história estava nas manchetes de segunda-feira e os jornais deram destaque à pouca
idade e aparente boa saúde da moça.
Christoffersen teve uma trombose venosa profunda (DVT, sigla para deep vein thrombosis). A
trombose é uma consequência da formação de coágulos em um vaso sanguíneo da perna,
que geralmente ocorrem em vôos de longa distância e podem se deslocar até o pulmão ou
coração, ocasionalmente matando a vítima.
A companhia australiana Qantas Airways defendeu seus índices de segurança, informando
que o perigo de ficar sentado em uma posição por muito tempo era informado em jornais e
vídeos de bordo.
Para a mãe de Emma, a explicação não foi suficiente. "Mais medidas preventivas
deveriam ser tomadas", disse Ruth Christoffersen à Reuters por telefone de sua casa,
no País de Gales.
"A companhia aérea disse que colocou essa informação nas revista de bordo mas quem
lê as revistas de bordo?", questionou Ruth.
Conforme Farrol Kahn, diretor do Health Aviation Institute (Instituto de Saúde na
Aviação), a DVT é um problema comum, geralmente ignorado pelas grandes companhias
aéreas internacionais que fazem rotas de longa distância.
"Há 30 mil pessoas no Reino Unidos que sofrem com trombose relacionada a viagens
aéreas", disse o especialista.
"As companhias aéreas deveriam 'rotular' seus produtos como todo mundo e alertar
sobre os riscos nos bilhetes", informou Kahn.
O instituto também sugeriu que deveria haver aspirina à disposição, medida que poderia
cortar os riscos de DVT em cerca de um terço. Conforme Kahn, o número de casos de DVT
aumentou desde que as companhias aéreas diminuíram o espaço entre as fileiras de
poltronas e assentos na classe econômica para transportar mais passageiros.
Um porta-voz da British Airways informou que as pessoas podem ter trombose em qualquer
parte da aeronave e mesmo tendo aspirina disponível para os passageiros pode haver risco.
"O aviso está lá e tentamos agir de forma equilibrada entre informar as pessoas e
evitar situações muito dramáticas", disse o porta-voz informando ainda que o
problema também ocorre em outros meios de transporte como carros e trens.
Conforme Kahn, a British Airways diminuiu os assentos da classe econômica de 36 para 31
polegadas depois de ser privatizada. O assento da Qanta tem 32 polegadas e, conforme a
imprensa britânica, o espaço varia entre 28 e 34 polegadas.
Paul Giangrande, hematologista consultor do Oxford Haemophilia Centre (Centro de Hemofilia
de Oxford) e chefe de uma pesquisa sobre DVT relacionada a viagens, disse à Reuters que o
problema é conhecido desde 1940.
"Foi relatado que pessoas idosas que passavam a noite em espaços restritos em
abrigos contra bombas durante a Segunda Guerra Mundial morreram de tromboses que
começaram nas pernas", disse o especialista.
Os especialistas aconselham os passageiros a fazer o máximo de exercício possível,
evitar beber álcool e consultar o médico caso tenham história de coágulo.
Os passageiros em viagens de longas distâncias com mais risco são os idosos, superando,
mulheres grávidas, pessoas com história de DVT e passageiros da classe econômica,
informaram os médicos.
Sinopse preparada por Reuters Health
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