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Por Gene Emery
BOSTON (Reuters) - Indicadores de inflamação podem dar aos médicos um novo meio de prever se uma pessoa vai sofrer um ataque cardíaco e, portanto, se deve receber tratamento mais agressivo, segundo dois estudos publicados quinta-feira no New England Journal of Medicine.
Os estudos analisaram a presença de diferentes marcadores de inflamação no fluxo sanguíneo, mas chegaram a uma conclusão semelhante: quando há uma inflamação, o risco de uma crise cardíaca e de um ataque do coração aumenta.
Segundo Daniel J. Rader, da Universidade da Pensilvânia, autor do artigo que acompanha o trabalho, os pesquisadores ainda não sabem qual a relação entre inflamação e ataque cardíaco, mas "os progressos nesse campo aumentam nossa capacidade de prognosticar o risco destes eventos, permite aos médicos administrar terapias preventivas para os que podem se beneficiar e fornece novos objetivos potenciais" para o tratamento.
Num dos estudos, pesquisadores suecos chefiados por Bertil Lindhal, da Universidade de Uppsala, analisaram a taxa de mortalidade entre cardíacos com altos níveis de troponina T, que indica existência de lesão no músculo cardíaco, e a proteína C-reativa, que aparece durante a inflamação.
Os pesquisadores acompanharam 917 pacientes por um período médio de três anos e verificaram que a taxa de mortalidade foi quase 13 vezes mais alta entre as pessoas com os maiores níveis de troponina T em relação às que tinham os níveis mais baixos. Os pacientes com os níveis mais altos da proteína C-reativa tiveram uma taxa de morte quase três vezes mais maior que as pessoas com índices menores da proteína.
O segundo estudo, chefiado por Chris J. Packard, da Glasgow Royal Infirmary, na Escócia, foi baseado em amostras de sangue de 580 homens com colesterol alto. As amostras foram coletadas como parte de um estudo sobre a pravastatina, droga que reduz o colesterol.
As amostras foram testadas para um enzima conhecida como lipoproteína associada à fosfolipase A2 (PLA2) e os pesquisadores verificaram que os homens com os níveis mais altos da enzima foram quase duas vezes mais propensos a ter um ataque cardíaco que os pacientes com níveis mais baixos.
Altos níveis de PLA2 "mostraram um risco de enfarte tão grande quanto a inflamação. Ele independe de outros fatores de risco e não importa se a pessoa é mais jovem ou mais velha", disse Packard à Reuters em entrevista por telefone. As mesmas substâncias químicas que regulam a inflamação também controlam os níveis de PLA2.
O estudo pode fornecer aos médicos um novo teste para identificar pacientes com maior risco de sofrer um ataque cardíaco, disse Packard. Pesquisadores já estão trabalhando em novo teste, desenvolvido pela diaDexus, uma joint venture da SmithKline Beecham Pharmaceutical, e pela Incyte Genomics. O estudo também foi financiado em parte pela Bristol-Myers Squibb que produz o pravastatina.
Sinopse preparada por Reuters Health
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