Folhetos de saúde

Distúrbios do sono na velhice e na demência

© Equipe Editorial Bibliomed

Quais são?

Com o avançar da idade percebe-se uma nítida alteração no padrão do sono, bem como há modificações qualitativas nos estágios do sono. O idoso costuma apresentar sonolência diurna aumentada, o que o induz a ter vários episódios de cochilos durante o dia, com conseqüente redução do número de horas noturnas de sono.

O denominado fenômeno crepuscular é um tipo de distúrbio do sono que gera transtornos importantes tanto para o doente quanto para seus familiares. Caracteriza-se pela ocorrência de episódios de delírio noturno, com conseqüente desorganização do pensamento (confusão mental) e da percepção, bem como por agitação excessiva.

A causa do fenômeno crepuscular ainda não é conhecida, porém a doença está associada com outros distúrbios crônico-degenerativos do sistema nervoso central, tal como a doença de Alzheimer. Pesquisadores demonstraram a presença de alterações em áreas do cérebro relacionadas com a regulação do sono e com o ritmo circadiano nos portadores da doença.

Alguns idosos portadores do quadro de fenômeno crepuscular podem apresentar episódios  de longa duração de sono profundo durante o dia, sendo por vezes difícil despertá-los na vigência de tais episódios.

Existem diversos outros distúrbios do sono que incidem em idosos, os quais podem estar associados com outras doenças capazes de alterar o padrão de sono da pessoa. Destacam-se os quadros de insônia relacionados com alterações psiquiátricas, como a depressão e a ansiedade, distúrbios endócrinos (ex: hipertireoidismo), e uso de medicamentos estimulantes.

Qual o tratamento?

O tratamento destes distúrbios do sono é enfocado no controle da causa de base. Com isso, haverá progressiva recuperação do padrão habitual de sono do indivíduo.

O tratamento do fenômeno crepuscular é bastante difícil. Inicialmente devem ser pesquisados os medicamentos que o idoso utiliza, a fim de sejam suspensos aqueles capazes de potencializar os quadros de delírio.

Devem ser excluídas outras doença capazes de produzir sintomas parecidos, especialmente as infecções urinárias. As demais doenças que o idoso seja portador devem ser controladas de forma adequada, tal como a insuficiência cardíaca congestiva, doenças respiratórias crônicas.

Pode ser tentada a abordagem comportamental, que consiste no aumento das atividades diárias e conseqüente redução do número de horas de sono diurno. Pode se tentar expor o idoso à luz intensa durante o dia, e fornecer-lhe ambiente escuro e silencioso para dormir durante a noite.

O uso de medicamentos é controverso, e deve ser avaliado pelo médico em cada caso, baseado na intensidade dos sintomas e no impacto produzido pelas medidas não-farmacológicas.

Lembre-se, somente o médico poderá orientá-lo na abordagem desta condição.

Fonte:

Simon RP, Sunseri MJ. Distúrbios do sono e do despertar. In: Goldman L, Bennet JC. CECIL Tratado de Medicina Interna. 21a ed, editora Guanabara Koogan S.A. RJ, 2001: 2265 – 2269.