Um novo estudo realizado na Universidade de Washington, nos Estados Unidos, mostrou que mulheres que não se enquadram nos estereótipos femininos de aparência ou personalidade são percebidas como menos confiáveis quando fazem alegações de assédio sexual.
Para serem vistas como estereotipadamente femininas, espera-se que as mulheres nas sociedades ocidentais pareçam mais magras, "atraentes", mais jovens e usem roupas femininas, gostem de fazer compras e exercícios físicos mais leves, prefiram filmes românticos aos de ação.
Para o estudo, os pesquisadores recrutaram alguns milhares de participantes para considerar as alegações de assédio sexual, a fim de entender como a percepção de um voluntário sobre a feminilidade da vítima influenciava suas simpatias.
Nos primeiros 5 dos 11 experimentos diferentes, os voluntários primeiro leram cenários nos quais as mulheres sofreram ou não sofreram assédio sexual. Com base em suas leituras, os participantes foram solicitados a determinar em que medida as mulheres cumpriam uma imagem idealizada de mulher – desenhando como achavam que a mulher seria ou selecionando em uma série de fotografias. Nos próximos quatro experimentos, os participantes leram cenários ambíguos de assédio sexual, como um superior perguntando sobre a situação romântica de uma mulher.
Cada cenário foi acompanhado por uma descrição da mulher – alguns atendendo aos critérios de feminilidade estereotipada, outros não. Os participantes foram convidados a determinar se os cenários constituíam assédio sexual.
Os resultados mostraram que os participantes eram menos propensos a rotular esses cenários ambíguos como assédio sexual quando os alvos eram mulheres não estereotipadas em comparação com mulheres estereotipadas, apesar do fato de que alvos estereotipados e não estereotipados experimentaram o mesmo incidente.
Nos dois últimos experimentos, os pesquisadores apresentaram os mesmos cenários, mas inverteram as descrições das mulheres, do estereotipado feminino para o não feminino e vice-versa. As interpretações dos participantes seguiram em conformidade.
Os pesquisadores explicam que o assédio sexual é generalizado e causa danos significativos, mas muitas mulheres não podem ter acesso à justiça, justiça e proteção legal, deixando-as suscetíveis a mais vitimização e danos dentro do sistema legal. Segundo eles, a pesquisa descobriu que uma reclamação foi considerada menos confiável e o assédio sexual foi percebido como sendo menos psicologicamente prejudicial quando visava uma vítima que era menos atraente ou não agia de acordo com o estereótipo de uma mulher típica.
O assédio sexual é um problema generalizado e suas consequências podem persistir além da vergonha e da humilhação de curto prazo. Vítimas de assédio sexual têm maior probabilidade de se afastar do trabalho e da escola e de apresentar declínios na saúde mental e física. Estudos mostraram que o assédio sexual está até associado ao aumento da instabilidade econômica.
Fonte: Journal of Personality and Social Psychology. DOI: 10.1037/pspi0000260.