Artigos de saúde
© Equipe Editorial Bibliomed
Neste artigo:
- Introdução
- Indicação
- Técnicas
- Pré e pós-cirúrgico
- Onde fazer a cirurgia
A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. É considerada um problema de saúde pública nos países desenvolvidos e está ocorrendo uma aceleração no seu crescimento no Brasil.
A obesidade é classificada baseando-se no índice de massa corporal (IMC – calculado pelo peso dividido pela altura ao quadrado – Kg/m2) e no risco de mortalidade associada. Assim, considera-se obesidade quando o IMC se encontra igual ou acima de 30Kg/m2 e obesidade mórbida quando o IMC está acima de 40Kg/m2.
A cirurgia gastrintestinal para a obesidade, também chamada de cirurgia bariátrica ou, mais popularmente, cirurgia para redução do estômago, é uma opção para as pessoas com obesidade mórbida e que não conseguem perder peso pelos métodos tradicionais ou para quem sofre de problemas de saúde relacionados à obesidade mórbida.
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes com obesidade grau 3 (IMC>40 Kg/m2 - obesidade mórbida) ou para aqueles com IMC entre 35 Kg/m2 e 40 Kg/m2 que apresentem pelo menos duas comorbidades relacionadas à obesidade. Tais normas são definidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). São consideradas comorbidades relacionadas à obesidade:
- Diabetes ou intolerância à glicose;
- Hipertensão;
- Colesterol alto;
- Doenças cardiovasculares;
- Osteoartrose severa;
- Doença do refluxo;
- Doença pulmonar e/ou apneia obstrutiva do sono;
- Esteatose hepática não alcoólica.
Em adolescentes, a cirurgia só deve ser cogitada quando as técnicas convencionais não funcionarem. O Ministério da Saúde determinou como 16 anos como idade mínima para a realização da cirurgia bariátrica no país.
É importante destacar que a cirurgia bariátrica deve ser indicada após as técnicas convencionais para perda de peso, como dietas e prática de atividades físicas não tiverem surtido efeito.
A cirurgia bariátrica não é indicada para pessoas com deficiência intelectual significativa; com transtornos psiquiátricos não controlados; em uso contínuo de bebidas alcoólicas e drogas ilícitas; e aqueles sem suporte familiar adequado.
As técnicas de cirurgia bariátrica mais comumente utilizadas são o by-pass gástrico e a Gastrectomia Vertical (sleeve), que trabalham mudando a anatomia do estômago e do sistema digestivo. Contudo, existem ainda as técnicas de Derivação Bileopancreática (DBP) e de Banda gástrica ajustável, menos utilizadas, mas também disponíveis.
Gastrectomia Vertical: mais conhecida como Sleeve, esta técnica remove entre 70% a 80% do estômago, deixando-o com um formato tubular estreito. Com isso, há a redução do hormônio grelina, associado à fome. A absorção de vitaminas do complexo B, cálcio, zinco e ferro não é comprometida. Apesar de não ser reversível, caso a cirurgia não surte o efeito desejado, ela pode ser transformada em em Bypass Gástrico ou Derivação Bileopancreática.
Bypass Gástrico: a Gastroplastia em Y de Roux (GYR) reduz a capacidade do estômago para cerca de 10% de sua capacidade original, e faz um desvio no intestino. Dessa forma, a quantidade de comida ingerida é restringida, e a os alimentos são desviados para a primeira porção do intestino, chamada duodeno, até a porção intermediária do órgão, chamada jejuno.
Derivação Bileopancreática (DBP): nesta técnica, há a remoção média de 85% do estômago associado ao desvio intestinal, que faz com que o alimento venha por um caminho e os sucos digestivos (bile e suco pancreático) venham por outro e se encontrem somente a 100cm de acabar o intestino delgado, inibindo a absorção de calorias e nutrientes.
Banda gástrica ajustável: é uma técnica reversível que consiste na instalação de um dispositivo de silicone no começo do estômago que fica ligada a um reservatório no qual é possível injetar água destilada para apertar mais o estômago ou esvaziar para aliviar a restrição. Não é indicada para pacientes com compulsão por doces, com esofagite de refluxo e hérnia de hiato volumosa.
Para realização da cirurgia, o paciente deverá se submeter a uma série de exames que mostrem sua condição de saúde. Entre esses estão endoscopia digestiva, ultrassom abdominal e exames de sangue. Alguns profissionais podem pedir outros exames específicos, como radiografia do tórax, prova de função pulmonar e polissonografia. A pessoa precisará de um tratamento multidisciplinar que envolve, além do cirurgião, especialidades como cardiologia, psiquiatria, endocrinologia, nutrição e psicologia. Esta mesma equipe deve acompanhar o paciente no pós-cirúrgico.
Após a cirurgia, o paciente deverá seguir uma dieta prescrita por um nutricionista, começando com uma dieta líquida, que progredirá para a pastosa até que ele possa ingerir alimentos sólidos. No primeiro mês é comum que sejam prescritos medicamentos para proteção do estômago e suplementos vitamínicos podem ser prescritos para evitar anemias.
É preciso que o paciente tenha consciência de que após a cirurgia ele precisará adotar um estilo de vida saudável, com alimentação equilibrada e prática de atividades físicas.
A cirurgia bariátrica está no rol de procedimentos que os convênios devem cobrir, mas é necessário que a pessoa se informe sobre quais procedimentos o convênio cobre. É possível fazer a cirurgia particular, sendo que o preço varia conforme o profissional escolhido e a complexidade da cirurgia.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a cobertura integral da cirurgia bariátrica. O interessado deve buscar atendimento ambulatorial na Unidade Básica de Saúde (UBS) próximo de sua residência para ser avaliado por um médico. Se constatada a necessidade da cirurgia, ele é, então, colocado na lista de espera até que sua vaga esteja disponível.
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