Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Introdução
- Sintomas
- Prevenção e Tratamento
- Bioterrorismo
"Antraz é uma infecção aguda causada por uma bactéria que forma esporos, o
Bacillus anthracis. Essa infecção foi um dos primeiros acidentes de trabalho dos antigos
separadores de lã (wool-sorter), no entanto houve poucos casos nos últimos cem anos".
Introdução
O antraz é mais comum nas regiões agrícolas, onde afeta animais. Ocorre mais comumente
em vertebrados domésticos e selvagens (gado, ovelhas, cabras, camelos, antílopes, e
outros herbívoros), também ocorre no homem quando ele é exposto a animais infectados ou
manuseia solo ou materiais que contém a bactéria ou seus esporos.
A infecção pode ocorrer de três formas: cutânea (pele), respiratória e
gastrointestinal. A bactéria infecta a pele em mais de 95% dos casos. Neste caso, a
infecção ocorre quando a bactéria entra na pele através de um corte ou abrasão
(raspão). O antraz gastrointestinal é adquirido caso se coma a carne contaminada mal
cozida e o antraz respiratório pode ocorrer caso se inale a bactéria ou seus esporos.
Todavia a disseminação direta, pessoa-para-pessoa, é extremamente incomum a ponto de
não ser uma preocupação no tratamento ou nas visitas aos pacientes infectados.
Sintomas
Os sintomas normalmente aparecem de um a seis dias a partir da contaminação.
Freqüentemente há uma melhora temporária seguida de uma piora dos sintomas. Os sintomas
variam com o tipo de infecção: cutânea, respiratória ou gastrointestinal.
De 24 a 48 após o contato, a infecção cutânea produz uma pápula pruriginosa,("um
caroço que coça") que lembra uma picada de inseto. A morte é rara caso o
tratamento correto seja instituído, porém 20% dos casos não tratados resultarão em
morte.
O antraz respiratório é geralmente fatal. Os sintomas iniciais lembram um resfriado
comum. Após alguns dias, os sintomas podem progredir para problemas respiratórios
sérios e morte.
A forma intestinal do antraz é caracterizada por uma inflamação aguda do trato
intestinal. Os sintomas incluem náusea, perda de apetite, vômitos, febre seguida de dor
abdominal, vômitos sanguinolentos, e diarréia severa. O antraz intestinal resulta em
morte em 25-60% dos casos.
Prevenção e Tratamento
As maneiras de se prevenir o antraz é evitar o contato com animais e produtos
contaminados e evitar comer carne mal cozida. Outra forma de prevenção é a vacina. A
vacina tem 93% de eficácia na proteção contra a infecção. Depois de tomada a primeira
dose deve se tomar as doses subseqüentes em 2 e 4 semanas, e 6, 12 e 18 meses da data da
primeira vacinação. Assim que completo o esquema, reforços são recomendados
anualmente. Vale a pena lembrar que a vacina de animais não deve ser usada em humanos.
O antraz é diagnosticado isolando-se o B. antrhracis do sangue, lesões de pele, ou de
secreções respiratórias; ou encontrando-se anticorpos específicos no sangue de pessoas
sob suspeita da infecção. A detecção e identificação da bactéria podem ser feitas
por testes bacteriológicos, sorológicos ou imunológicos. Estudam-se novos métodos
diagnósticos, especialmente pelo uso da reação da polimerase em cadeia. Esses novos
métodos seriam muito úteis na prática clinica devido a sua rapidez e precisão.
O tratamento baseia-se na administração de antibióticos (penicilina, doxiciclina,
ciprofloxacina e outros). Para ser efetivo, o tratamento deve ser iniciado precocemente.
Caso não tratado o antraz pode ser fatal. Para as pessoas com o antraz e sem os sintomas,
pode-se fazer a profilaxia com doxiciclina ou ciprofloxacina por seis semanas. O
tratamento deve ser expandido para os casos de antraz respiratório para que ocorra a
eliminação pulmonar dos esporos, que não são afetados pela presença dos
antibióticos.
Bioterrorismo
Bioterrorismo é a disseminação de microorganismos causadores de doenças por
indivíduos, grupos, ou governos com o propósito de causar danos para ganhos
ideológicos, políticos, ou mesmo financeiros. As armas biológicas são agentes
infecciosos como bactérias (p.ex. o antraz) ou vírus (p.ex. varíola). No entanto, essas
definições freqüentemente são expandidas para incluir toxinas e venenos desenvolvidos
biologicamente. Alguns destes agentes são altamente mortíferos; outros serviriam para
causar apenas incapacitação. Alguns destes microorganismos são geneticamente alterados
para se tornarem mais resistentes a tratamentos ou vacinas, ou mesmo para aumentar a
capacidade de causar doenças e/ou a gravidade das mesmas.
O antraz tem um papel importante no desenvolvimento da medicina moderna e acredita-se que
causou doenças e pragas entres os egípcios do tempo de Moisés e entre os antigos
romanos. Ainda hoje, alguns pesquisadores utilizam o B. antrhacis e suas toxinas na
tentativa de entender os eventos precoces dos processos infecciosos e a base molecular da
inflamação.
No entanto, os acontecimentos recentes e o desenvolvimento de armas biológicas com o
antraz pela antiga União Soviética e pelo Iraque, fazem o uso potencial do B. antrhacis
no terrorismo biológico uma preocupação legítima. As novas cepas resistentes aos
antibióticos ou mais virulentas poderiam ser usadas com a intenção de driblar o
tratamento e a profilaxia conhecidos para a doença. Se os sistemas de saúde seriam
capazes de lidar com uma exposição de larga escala ao antraz ainda é uma dúvida.
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de Outubro de 2001
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