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Abuso Sexual na Infância

Neste artigo:

- Introdução
- História Clínica
- Exame Físico
- Abordagem Terapêutica
- Conclusão
- Referências Bibliográficas

"A cada ano, mais de 100.000 crianças sofrem alguma forma de abuso sexual apenas nos EUA. Estima-se que uma em cada 4 meninas e um em cada 6 meninos sofram alguma forma de abuso sexual antes dos 18 anos de idade. Muitos casos dão entrada em serviços de Pronto-Socorro e Pronto-Atendimento, e é preciso que o profissional atendente esteja capacitado dentro das técnicas de exame e na interpretação dos achados genitais dessas vítimas".

Introdução

O abuso sexual infantil pode ser definido como o envolvimento de uma criança em atividades de cunho sexual que ela não pode compreender, para a qual a criança ainda não se encontra desenvolvida ou capaz de consentir e que violem parâmetros de comportamento ético da sociedade. Estas atividades podem incluir estimulação sexual (a criança tem a genitália tocada ou toca a genitália de um adulto), lesões penetrantes (penetração peniana ou digital na vagina, boca ou ânus) e lesões não-penetrantes (p.ex: beijos de natureza sexual).

A maior parte dos atos sexuais não consentidos ocorre entre pessoas que se conhecem, ou seja, entre cônjuges, familiares, namorados ou conhecidos. A coerção sexual pode ocorrer a qualquer momento da vida de uma mulher. Crianças, com poucos meses de idade, já foram estupradas ou molestadas sexualmente, de outras formas. O abuso sexual de crianças existe em praticamente todas as sociedades. Ele inclui qualquer ato sexual entre um adulto (ou familiar imediato) e uma criança, além de qualquer contato sexual não consensual entre duas crianças. Como se trata de um tema cercado pelo tabu, é difícil reunir estatísticas confiáveis sobre a prevalência do abuso sexual durante a infância. Os poucos estudos existentes com amostragens representativas informam que este tipo de abuso é bastante difundido.

Apesar de tanto meninas como meninos poderem ser vítimas do abuso sexual, a maioria dos estudos relata que a prevalência de abuso entre meninas é de pelo menos 1,5 a 3 vezes a dos meninos e, às vezes, muito maior. Em Barbados, por exemplo, 30% das mulheres e 2% dos homens declararam ter sofrido abuso (que pudesse ser considerado como sexual) durante a infância ou adolescência. Mas é possível que o abuso sexual de meninos não seja tão freqüentemente informado como o de meninas.
As mulheres tendem a relatar que são mais profundamente afetadas pelo abuso sexual do que os homens, embora, sem nenhuma dúvida, alguns homens e meninos também sofram enormemente.

Os estudos mostram consistentemente que, seja qual for o sexo da vítima, a grande maioria dos agressores é do sexo masculino e eles são conhecidos da vítima.

Muitos agressores foram eles mesmos agredidos sexualmente na infância, embora a maioria dos meninos que sofrem abuso sexual não agridam sexualmente a outros, quando se tornam adultos.

O abuso sexual pode gerar muitas conseqüências nocivas, inclusive problemas psicológicos e de comportamento, distúrbios sexuais, problemas de relacionamento, baixa auto-estima, depressão, tendência ao suicídio, alcoolismo e dependência química, além de comportamento sexual mais arriscado. As mulheres que sofrem abuso sexual durante a infância correm também um risco elevado de sofrerem abuso físico ou sexual quando adultas.

O abuso sexual tem maior probabilidade de causar danos a longo prazo se for perpetrado durante um período mais longo, se o responsável for o pai ou uma figura paterna, se houver penetração ou se for utilizada força ou violência.
A resistência de uma criança e o tipo de acolhida que recebe quando relata o abuso também afetam as conseqüências a longo prazo. Quando as pessoas acreditam na criança que relata um abuso e oferecem-lhe seu apoio, as conseqüências são freqüentemente menos graves do que quando a revelação da criança gera descrédito, acusação ou rejeição.

Grande parte da coerção sexual é feita com crianças ou adolescentes, tanto em países industrializados como em desenvolvimento. De um terço a dois terços das vítimas conhecidas de agressões sexuais têm no máximo 15 anos, de acordo com informações dos órgãos de justiça e centros de atendimento em caso de estupro localizados no Chile, Peru, Malásia, México, Panamá, Papua-Nova Guiné e EUA. Na infância, as meninas tornam-se alvos fáceis de familiares e amigos mais velhos, que as forçam ou iludem para conseguir seus objetivos sexuais. Já moças, elas poderão ser forçadas novamente a manter relações sexuais com seus namorados, professores, familiares ou outros homens de autoridade.

O abuso sexual pode ocorrer sem contato direto, na forma de exibicionismo, voyeurismo e fazendo-se com que a criança se comporte de modo pornográfico ou sexual. Esta informação é importante, pois deve-se ter em mente, que o abuso sexual, nem sempre produz alterações detectáveis ao exame físico. O determinante mais valioso do abuso é o relato da própria criança (ou de uma testemunha do ocorrido).

Dados obtidos de questionários realizados com adolescentes, em uma clínica de pré-natal dos arredores de Cidade do Cabo, na África do Sul, mostraram que 32% de 191 mães adolescentes, cuja idade média era de 16 anos, relataram que sua primeira relação sexual tinha sido forçada. Cerca de 72% informaram terem tido relações sexuais contra sua vontade em algum momento e 11% disseram ter sido estupradas.

História Clínica

A avaliação da criança com suspeita de abuso sexual deve ser ampla, incluindo-se na história dados comportamentais, sociais e exames ginecológicos e urológicos. Se possível, os detalhes sobre o abuso devem ser obtidos de outras fontes confiáveis, além da criança.

Os responsáveis pela criança devem ser entrevistados isoladamente. Familiares que não sabem muito sobre os antecedentes médicos da criança, ou que se mostram mais preocupados com questões de custódia que com o estado geral do infante, podem indicar a presença de um ambiente de convívio social pernicioso.

Durante a obtenção da historia, deve-se pesquisar a presença de indicadores comportamentais de abuso, tais como: alterações abruptas de comportamento (agressão, depressão, comportamentos suicidas, baixa auto-estima, pesadelos, fobias, problemas escolares), comportamentos autodestrutivos (abuso de álcool e outras drogas, prostituição) e comportamento sexual inapropriado para a faixa etária (masturbação excessiva, interação de cunho sexual com outras crianças).

A criança pode relatar sintomas relacionados à presença de corpos estranhos na vagina ou no reto, dor para evacuar, corrimento ou sangramento anal ou vaginal e coceira na vagina, doenças sexualmente transmissíveis ou até mesmo gravidez, entre outros. Queixas somáticas são comuns e podem incluir dor de cabeça, dores abdominais, prisão de ventre, diarréia, desanimo.

Apesar da perfuração da vagina ou do reto poder resultar em lesões graves, a morte é um evento raro no abuso sexual. A prevalência de doenças sexualmente transmissíveis (DST) varia de acordo com a localização geográfica e a idade da criança: na pré-adolescência, a incidência tende a ser inferior a 4%, ao passo que entre os adolescentes, a prevalência é de aproximadamente 14%.

Nos adolescentes, a historia deve incluir a data da última menstruação, número de gestações, possíveis cirurgias ginecológicas ou lesões traumáticas na área genital, a data da última relação sexual, uso ou não de contraceptivos, e antecedentes de DST.

TABELA - FATORES DE RISCO PARA ABUSO SEXUAL EM CRIANÇAS

  • Pais que sofreram abusos quando crianças: a maior parte das crianças sofre abuso de pessoas do seu convívio usual (padrastos, tios, primos, etc).
  • Crianças que são cuidadas por várias pessoas.
  • Crianças cujos responsáveis possuem múltiplos parceiros sexuais.
  • Presença de abuso de álcool ou outras drogas.
  • Ambiente familiar promiscuo
  • Crianças com baixa-estima ou outro estado vulnerável.
  • Crianças cujos familiares são muito ocupados e pouco participativos no lar.

Exame Físico

O exame físico geral deve incluir avaliação da genitália externa, mesmo em crianças na pré-adolescência. Lesões associadas a sangramento, corrimento vaginal, possível DST ou gravidez devem ser diagnosticadas imediatamente - o ideal é que o exame seja realizado no máximo 2 a 3 dias após o evento.

Alterações genitais sugestivas de abuso sexual são raras. Em meninos, o exame pode revelar lesões na glande, no pênis ou no escroto. Alterações anais (p.ex: machucados e flacidez do anus) são pouco comuns. O mesmo ocorre entre as meninas: na maioria dos casos, o exame físico é normal. Isto pode decorrer da elasticidade do hímen e da genitália, bem como da própria cicatrização das lesões.

É preciso lembrar sempre que o abuso pode ter ocorrido há várias semanas ou mesmo meses. Ainda assim, em alguns casos, pode-se encontrar ferimentos nos genitais ou lacerações himenais.

Abordagem Terapêutica

A medida terapêutica inicial mais importante é providenciar um ambiente seguro para a criança e garanti-la de que tudo será feito para mantê-la assim daí em diante. A criança e seus responsáveis devem ser tranqüilizados quanto à natureza das lesões - que, de um modo geral, não produzem danos permanentes, porém não se deve fazer promessas que não possam ser cumpridas.

Caso sejam identificadas DST, o tratamento apropriado deve ser iniciado imediatamente.
Praticamente todas as crianças devem ser avaliadas por um psicólogo capacitado.

Conclusão

Estima-se que uma em cada 4 meninas e um em cada 6 meninos sofram alguma forma de abuso sexual antes dos 18 anos de idade. A avaliação de crianças com suspeita de abuso sexual deve ser ampla e o exame físico deve incluir avaliação dos órgãos sexuais, ainda que alterações sugestivas de abuso sexual sejam raras. A medida terapêutica inicial mais importante é providenciar um ambiente seguro para a criança e garanti-la de que tudo será feito para mantê-la em segurança. Raramente as lesões decorrentes do abuso produzem algum dano anatômico permanente ou representam ameaça imediata à vida da criança.

A principal conseqüência associada ao abuso resulta do trauma emocional e psicológico.

Veja um depoimento real de uma vitima de abuso sexual

Eu fui uma de tantas crianças que foram abusadas sexualmente na infância por meu pai. Não fui a primeira nem a última. Antes de me abusar, ele já abusara de crianças e adolescentes, tanto na família de origem dele como na da minha mãe.

Minhas lembranças de ter sido abusada por ele, vêm desde a época que eu ainda ia ao jardim de infância. Meu pai me assediava diariamente e esta tortura durou por toda minha infância e também adolescência, quando comecei a tentar me esquivar dele e a protestar contra suas investidas.

Como é comum de abusadores deste tipo, desde pequenina meu pai fazia chantagens emocionais comigo, pedia que eu guardasse segredo, como prova de meu amor por ele, pois caso contrário ele afirmava que seria preso. Ele dizia que as pessoas não entenderiam este amor dele por mim. Segundo ele, este amor que ele dizia sentir por mim era o maior que ele já tivera. Ele dizia não sentir amor por minha mãe e sim por mim.

Meus conceitos de certo ou errado, ficaram afetados por muitos anos, pois o conflito de querer acreditar que meu pai estava certo, como toda criança acredita e a sensação de que algo estava muito errado, por causa do segredo que ele me fazia guardar, fizeram com que eu tivesse uma percepção muito distorcida da realidade durante a minha infância.

Jamais consegui ter proximidade com minha mãe ou ser amiga dela, nem eu sentia que ela era minha amiga, pois meu pai dizia que se ela sentiria muitos ciúmes e raiva de mim se um dia soubesse que ele amava mais a mim do que a ela. Assim, como defesa, eu passei a sentir raiva dela desde criança.

Anos mais tarde, quando eu já era adulta, fiquei sabendo que ela tinha conhecimento de que meu pai abusara de pessoas na família dela também, antes de eu nascer. Sabendo disto não consegui mais ter respeito por ela depois de perceber que, apesar de ela saber que meu pai continuava a abusar sexualmente de crianças, ela ainda insistia tanto em querer ficar ao lado dele.

Acho importante transmitir às pessoas o quanto o abuso sexual se estende para muito além do próprio abuso sexual. Isso afeta a vida das pessoas no sentido mais intenso e mais extenso que qualquer tipo de violência pode causar, ao mesmo tempo que deixa a pessoa viva para sofrer a dor do abandono, da traição e do desamor.

Minha baixa auto estima, meu sentimento derrotista e minhas dificuldades de relacionamentos culminaram em uma forte depressão aos meus 26 anos, quando fui abandonada por um namorado, que apesar de ser médico, dizia não conseguir conviver com meus estados depressivos. Como muitas das vítimas de abuso sexual na infância, eu também não quis mais viver…

Após longo período de hospitalização, psicoterapia e antidepressivos, tive retomada a vontade de viver. Mas o principal motivo, foi acreditar que eu era amada por aqueles que me socorreram: meus próprios pais.

Pedidos de desculpas, foram encarecidamente apresentados, assim como cumprimentos de novenas e promessas de que meu pai jamais abusaria sexualmente de qualquer pessoa novamente, em troca do meu perdão. Ele se declarava "curado"! Jurava que eu podia acreditar nele a partir de então.

Eu era a pessoa que mais queria acreditar nisso. Eu acreditei que a iminência da minha própria morte o fizera perceber o quanto ele havia me machucado e o perdoei tentando recomeçar uma vida nova. Eu não fazia idéia ainda, de que a história acontecida comigo voltaria a se repetir por muitos anos afora.

Mais tarde, depois de perceber toda a farsa, ao me dar conta de que ele voltara a abusar sexualmente de crianças, passei anos me debatendo em brigas com meu pai e ele tentando convencer as pessoas de que eu era louca.

Todas as tentativas de fazer com que as pessoas acreditassem em mim foram inúteis. As pessoas da minha família achavam que eu tinha uma obsessão em suspeitar dele por causa do que eu havia vivido na infância.

Fiquei mais uma vez isolada, desta vez por trazer a verdade à tona e tentar proteger novas vítimas.

Sem as interferências negativas de minha família, consegui me fortalecer, apesar de ter carregado ainda por muitos anos o sentimento de culpa de que se um dia eu fosse tornar pública uma denúncia contra meu pai, eu iria destruir minha família.

Apesar disso, a idéia não me saia da cabeça, pois eu sabia que ele continuava a molestar crianças, mas eu me sentia ainda acuada e isolada para tomar uma atitude em relação a isso.

Tudo mudou, quando tomei conhecimento da ASCA, uma organização de sobreviventes de abuso sexual na infância aqui na Austrália.

Ao ouvir as histórias de outras sobreviventes, me dei conta de como minha história se repetia na vida de tantas outras pessoas que eu nem conhecia e também de como ficava mais claro olhar de fora a experiência destas pessoas e analisar meus próprios traumas.

Além dos encontros, outras formas de ensinamentos compartilhados foram a intensa leitura de obras literárias de outros sobreviventes, de terapeutas do ramo e de pesquisas.

Com tudo isso, passei a não me sentir mais isolada e sim fortalecida. Eu me conscientizei, a partir de então, que era meu direito reclamar minha dignidade e também era meu dever alertar as pessoas para proteger novas vítimas de meu pai.

Depois de denunciar meu pai por escrito para as autoridades no Brasil e não ter recebido resposta em tempo devido, resolvi lançar o site R-Evolução Anti Pedofílicos, como meu último pedido de socorro.

Decidi que ninguém mais me faria calar todas as angústias e repressões que eu tinha atravessadas na garganta por toda minha vida.

Foi a partir daí que a coisa começou a tomar jeito. A promotoria apresentou a denúncia e com o tempo outras vítimas de meu pai começaram a confirmar os abusos.

Quando o abusador já estiver em idade avançada, como no caso de meu pai, as pessoas se deixam influenciar pela aparência do velho frágil e desprotegido, sem se dar conta de que por trás daquela imagem ilusória existe uma pessoa perigosa.

Outro problema que ainda existe é a crença de que crianças querem seduzir os adultos através do sexo. Não existe como a vítima ver no terapeuta o seu aliado, se este não acredita na inocência, tanto do ato, como da intenção desta.

Quebrar o silêncio é o primeiro passo para isso.

Entretanto, também é necessário que esta possa se valer de direitos e de mecanismos legais de proteção e de reconhecimento e de respeito pelos danos sofridos.

A falta de legislação adequada que garanta a proteção das vítimas e testemunhas, bem como o afastamento definitivo do abusador de suas vidas, faz com que a grande maioria jamais reclame ou tome a iniciativa de denunciar os abusadores.

Depoimento de Elisabeth Nonnenmacher
Sobrevivente de abuso sexual na infância e editora do site R-Evolução Anti Pedofílicos (www.r-eap.org).

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21. Population Reports is published by the Population Information Program, Center for Communication Programs, The Johns Hopkins School of Public Health, 111 Market Place, Suite 310, Baltimore, Maryland 21202-4012, USA

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