Artigos de saúde

Varizes

© Equipe Editorial Bibliomed

Neste artigo:

- Introdução
- Fatores de risco
- Tratamento cirúrgico e escleroterapia
- Tratamento clínico
- Prevenção
- Meias elásticas e medicamentos

Introdução

As varizes superficiais dos membros inferiores constituem uma das doenças mais antigas que se tem relato e atualmente está presente, em média, em torno de 20% a 30% da população geral. Um estudo epidemiológico realizado em nosso meio observou uma incidência na população estudada de 37,9%, numa razão de 4:1 no sexo feminino. Em outras palavras, em cada 10 pessoas, praticamente quatro delas apresentam algum grau de varizes nos membros inferiores, na grande maioria em mulheres. Esta frequência elevada na população torna muito importante o diagnóstico e tratamento correto, de acordo com a gravidade do quadro clínico.

As varizes são veias dilatadas e tortuosas que podem apresentar diversos diâmetros (de menos de um milímetro até mais de um centímetro) e comprimentos e são decorrentes da disfunção das válvulas das veias que resultam no represamento do sangue. Nos casos mais graves as pessoas acometidas podem apresentar edema diário de tornozelo e pé, além de sensação de peso e cansaço nas panturrilhas que piora ao final do dia. Com o passar do tempo, podem apresentar alterações na pele, principalmente na perna e tornozelo, como por exemplo manchas de tonalidade castanho escuro e até úlceras (feridas). Nos casos mais leves ocorrem apenas veias de pequeno calibre, levando somente a alterações estéticas. Elas geralmente ocorrem em grande número e com coloração azul escuro e raramente levam a edema ou sensação de peso nas pernas e pés. Entre os casos mais graves e os mais simples situa-se uma enorme diversidade de alterações.

Fatores de risco

Alguns fatores podem aumentar a predisposição ao desenvolvimento das varizes. São eles:

- Idade: as varizes são muito raras em crianças até 14 anos. A partir da puberdade existe um aumento progressivo da frequência das varizes com a idade, chegando a atingir mais de 70% das pessoas acima dos 70 anos.

- Sexo: as varizes atingem consideravelmente mais as mulheres do que os homens, chegando a uma proporção de 4 mulheres para cada homem.

- Obesidade: a obesidade é considerada um fator desencadeante das varizes pela maior compressão abdominal, dificultando o retorno do sangue das pernas para o coração, dilatando assim as veias das pernas.

- Gravidez: as varizes surgem com grande frequência já no início da gravidez, devido aos fatores hormonais e posteriormente devido a compressão pelo aumento do útero. Num certo número de mulheres, especialmente na primeira gestação, essas varizes tendem a desaparecer após o parto. Entretanto, em outras mulheres, possivelmente devido a uma predisposição genética, as varizes não desaparecem ou voltam após o parto, aumentando em gestações subsequentes.

- Anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal: o uso de hormônio parece aumentar o desenvolvimento das varizes e aumenta o risco de trombose venosa.

- Postura no trabalho: o papel da postura durante o trabalho no aparecimento das varizes é ainda muito controverso. Mas estudos sugerem uma maior predisposição para varizes naqueles que trabalham a maior parte do tempo em pé ou sentados do que naqueles que trabalham andando.

Tratamento cirúrgico e escleroterapia

O tratamento específico das varizes depende, fundamentalmente, da veia a ser tratada. Aqueles cordões varicosos, salientes e visíveis, que elevam a pele, e aquelas pequenas veias de trajeto tortuoso ou retilíneo são de tratamento cirúrgico; já as varizes de menor calibre devem ser tratadas pela escleroterapia (injeção de uma solução esclerosante dentro destes vasos). As veias que são retiradas, por estarem doentes, não colaboram para a circulação; ao contrário, sua retirada causa melhoria na drenagem venosa dos membros inferiores, aliviando sintomas e prevenindo as implicações da evolução da doença.

O tratamento cirúrgico pode ser realizado com ou sem a retirada da veia safena, que é definida de acordo com o grau da patologia e auxilio do Duplex Scan (exame de mapeamento das veias). As veias menores são retiradas por pequenos orifícios na pele com a ajuda de uma agulha semelhante a uma agulha de "crochê", dessa forma a lesão na pele é mínima e sem necessidade de pontos.

A escleroterapia química consiste de injeções de substância irritante no interior das veias que promove a oclusão das veias dilatadas, com ótimos resultados na grande maioria dos casos. Existe ainda a escleroterapia a laser, que também promove a oclusão da veia dilatada pela incidência do raio laser sobre o trajeto venoso.

Devido à grande diversidade dos quadros, cada paciente deve ser tratado de acordo com a complexidade da sua doença. Nos pacientes com indicação de tratamento cirúrgico, na grande maioria das vezes, também ocorre necessidade de complementação do tratamento com escleroterapia porque sempre coexistem varizes de grande e pequeno calibre.

Tratamento clínico

Nos casos em que não está indicado o tratamento cirúrgico ou o paciente não queira ser submetido à cirurgia o tratamento será clínico. É preciso lembrar também que as varizes são uma doença crônica, de caráter evolutivo, sujeitas a recidivas, sejam quais forem os métodos de tratamento empregados, mesmo executados por profissionais experientes. E, em consequência deste fato, há necessidade de controles periódicos do paciente.

Prevenção

- Evitar ficar em pé ou assentado por tempo prolongado.

- Não usar roupas muito apertadas que dificultem o retorno venoso.

- Usar preferencialmente calçados com salto em torno de 4cm de altura e com boa base (isto inclui o chamado tipo "anabela").

- Combater a obesidade.

- Fazer breves repousos com os membros inferiores elevados, não colocando almofadas ou travesseiros sob os joelhos, a fim de não comprimir as veias aí localizadas.

- Praticar exercícios físicos que ativem a musculatura da panturrilha. As ginásticas, a caminhada e esportes como a natação, ciclismo e hidroginástica são especialmente recomendáveis. São contraindicados, no entanto, todo esporte que exija movimentos bruscos, como o futebol, o tênis, o vôlei e o basquete e aqueles de esforço estático, como o halterofilismo, pois o aumento da pressão abdominal que ele provoca prejudica o retorno venoso.

Meias elásticas e medicamentos

O uso de meias elásticas é parte importante do esquema terapêutico para varizes. Em muitos casos, e o único recurso de que se dispõe. É importante que a compressão se inicie de manhã, colocando-se a meia ao se levantar e só a retirando a noite, ao deitar-se. A elasticidade da meia deve ser nos dois sentidos, comprimento e largura, e, ao calçá-la, evitar zonas de estrangulamento, mais fáceis de ocorrerem com meias curtas, em virtude do tecido ser um pouco mais rígido em sua terminação superior. O calcanhar deve ser fechado para permitir uma melhor compressão.

O grau de compressão e a altura da meia dependem do tipo de varizes e de sua extensão no membro. Habitualmente, encontram-se no mercado os seguintes tipos de meias: leve compressão, média compressão, forte compressão. As meias de leve compressão são indicadas para as varizes incipientes e pernas pesadas ou com leve inchaço no final do dia, as de média compressão são indicadas para as varizes da gravidez, varizes não complicadas e inchaço de moderada intensidade. As de forte compressão são indicadas para varizes mais graves e alguns casos específicos. Os tamanhos são: meias curtas, até o terço superior da perna; meias longas, até o terço médio da coxa e meias-calças.

Caberá ao médico orientar o paciente sobre que tipo de compressão usar. O tamanho é determinado pela medida do comprimento do membro e sua circunferência tomada ao nível do tornozelo, panturrilha e terço médio da coxa, preferentemente na parte da manhã.

O uso de vasoprotetores (medicamentos que atuam nas paredes das veias) constitui uma medida para o controle dos sintomas que habitualmente acompanham as varizes, com frequência utilizados para reduzir a inflamação, diminuir o edema, melhorando a circulação e mantendo a integridade da parede dos vasos. É importante deixar claro que no caso de varizes de membros inferiores a avaliação médica especializada (angiologista/cirurgião vascular) é imprescindível para evitar as complicações e orientar a melhor forma de tratamento da sua doença.

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