Artigos de saúde
Neste Artigo:
- Ouvido
- Otite
- Causas e Tipos de Infecção
- Otites Virais
- Otites Bacterianas
- Otite Externa Maligna
- Otite Média Aguda
- O Perigo da Automedicação
- Tratamento da Otite Média
- Tratamentos Tradicionais das Otites
- Tratamento com Laser
- Prevenção das Otites
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Tema
"Nesta reportagem você poderá analisar as vantagens do novo tratamento feito
por laser para as otites médias, ainda incomum no Brasil. Há, ainda, diversas
informações importantes sobre as 'dores de ouvido' mais comuns, suas manifestações, os
principais sintomas, as causas e as formas de tratamento e prevenção".
São muitas as pesquisas que vem sendo realizadas no setor de otorrinolaringologia, em
especial no exterior. Muitos dos novos tratamentos, já em uso em outros países, não
estão ainda disponíveis em escala no Brasil, em função do seu alto custo. É o caso do
tratamento das otites médias agudas, que desde 1998 já possui equipamentos para o uso do
laser sendo comercializados nos Estados Unidos.
Para entender a importância deste tipo de evolução, é necessário compreender alguns
conceitos da especialidade dos médicos otorrinolaringologistas, especializados em ouvido,
nariz e garganta.
Ouvido
O ouvido pode ser dividido em ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno,
todos interligados entre si. O ouvido externo compreende o pavilhão auricular (orelha), o
canal auditivo externo e o tímpano, uma membrana que separa o ouvido externo do médio. O
ouvido médio é a câmara onde se situam três ossículos (martelo, estribo e bigorna)
que servem como meio de ligação com o ouvido interno. Nessa câmara onde estão os
ossículos, existe um canal de ligação do ouvido médio com a faringe, denominado Trompa
de Eustáquio. Ouvido interno, onde se localizam os chamados Canais Semi-Circulares, a
Cóclea e o Nervo acústico, este último ligando todo o conjunto diretamente ao cérebro.
Otite
É a inflamação do órgão da audição. Segundo médicos, conforme sejam atingidas
essas diferentes porções do ouvido, a otite será de maior ou menor gravidade, recebendo
também nomes diferentes, como otite externa (apenas ouvido externo inflamado), otite
média (apenas ouvido médio inflamado), e otite interna, esta a mais grave, pois
atingindo os canais semi-circulares, determinará transtornos do equilíbrio por ser esse
o órgão responsável pelo nosso sentido espacial. Atingindo a cóclea, a doença será
reconhecida como labirintite (uma vez que este órgão também é chamado de labirinto).
Causas e Tipos de Infecção
Germes ou fungos infecciosos, que podem estar na água de piscinas ou de
chuveiros, quando instalados nos ouvidos, causam a inflamação. A otite externa é uma
infecção do canal auditivo. Outros tipos de otite ocorrem no ouvido médio e no interno:
otite média aguda, causada pela infecção do ouvido médio produzida por vírus ou
bactéria; otite média secretora, que ocorre quando existe líquido acumulado no ouvido
médio pela obstrução da trompa de Eustáquio ou uma otite média aguda mal curada;
otite média crônica, referente à infecção constante produzida por uma lesão
irreversível do tímpano.
Segundo especialistas, a otite externa geralmente está associada à prática da
natação, logo é mais freqüente no verão. Muitas bactérias podem gerar otite externa.
A entrada de água ou substâncias irritativas, assim como lesões geradas pala limpeza do
ouvido, facilitam a ocorrência da infecção. A limpeza do ouvido com cotonete pode
empurrar os detritos para o interior do canal, onde ficam acumulados, facilitando a
retenção de água, que pode gerar a proliferação das bactérias e fungos, alertam os
médicos.
Segundo a Dra. Vassia Landin, otoriinolaringologista, o tabagismo passivo (pais fumantes),
a natação em piscinas aquecidas e com cloro, disfunção imunológica, são mais alguns
dos motivos freqüentes da otite.
Otites Virais
A duração é curta e há uma remissão da doença em 4 a 7 dias sem seqüelas. Os
sintomas são: febre baixa e otalgia, membrana timpânica avermelhada. Conforme esclarece
a Dra. Vassia Braga Landin, o calor local, analgésicos e descongestionantes orais podem
ser bastante úteis.
Otites Bacterianas
São as otites mais graves e geralmente evoluem de 10 a 14 dias. Os primeiros sintomas
são a otalgia e a vermelhidão da membrana timpânica. Depois, a febre torna-se alta e a
dor maior, ocorrendo exsudação, abaulamento, edema e opacificação da membrana
timpânica. Os mesmos cuidados da otite média devem ser tomados, assim como a
utilização de gotas otológicas.
Otite Externa Maligna
Segundo o Dr. Noisio Guitherme Ferreira, doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, a otite externa maligna é uma infeção grave que, quando diagnosticada
tardiamente, pode evoluir para osteomielite da base do crânio e levar à morte. Segundo o
Dr. Noisio, uma pesquisa demonstra que a otalgia severa, que apresenta dor à pressão e
granulação no meato acústico externo, é bastante comum. A evolução da otite externa
maligna não apresentou correlação com a duração da doença, com a presença de
hiperglicemia, esclarece.
Otite Média Aguda
A otite média é reconhecida como a segunda doença mais comum na infância. De acordo
com um estudo de 1980, realizado em 2.565 crianças, chegou-se à conclusão que a
porcentagem de lactentes afetados por pelo menos uma otite é de 70% e que 30% desses
lactentes terão várias infecções sucessivas. Mais recentemente, os mesmos autores
deste estudo registraram que 80% das crianças de três anos apresentaram um episódio de
Otite Média Aguda e que metade destas apresentaram pelo menos três episódios. O mesmo
estudo mostrou haver dois picos de incidência da doença: o mais importante, entre os
seis e 11 meses de idade, seguido de um segundo pico, entre os 4 e 5 anos de idade.
Segundo especialistas, a otite média atinge crianças entre 6 e 36 meses de idade, sendo
mais comum no sexo masculino, nas crianças com desmame precoce e nas que freqüentam
creches em idade precoce.
Processo inflamatório da fenda do ouvido médio e de seus anexos, sendo estes a tuba
auditiva, ossículos e células da mastóide. Geralmente é bacteriano de reação
inflamatória da rinofaringe. Em lactentes, devido a características anatômicas e
funcionais das trompas, esta complicação é mais freqüente. Outros fatores
predisponentes de otite média nas crianças são hipertrofia do tecido linfóide e a
postura, pelo hábito de se alimentar a criança deitada.
As bactérias são responsáveis por 60 a 75% das otites médias agudas, e os vírus por
cerca de 25%. A febre prolongada, irritabilidade, com choro intenso e continuado, em
criança com rinofaringite, são alguns indícios da doença. Os principais sintomas são
as dores e o choro, além de febre, coriza, recusa alimentar e secreção nasal. Em casos
especiais podem aparecer vômitos e diarréia.
A Otite Média Aguda, em geral, não se apresenta isoladamente, mas é precedida de
infecções das vias aéreas superiores, sendo que a contaminação pode acontecer por
contigüidade, através da tuba auditiva, por vias hematogênicas e/ou linfática
peritubária. Sendo assim, rinites, rinossinusites, faringites e infecções do anel de
Waldeyer, virais ou bacterianas, potencialmente desencadeiam surtos de otite média.
O Perigo da Automedicação
Apenas 32% das farmácias orientam que se procure um médico na hora de prescrever
medicamentos para a otite média. A conclusão é de um artigo intitulado
"Aquisição de medicamentos em farmácias sem prescrição médica - uma prática
comum: otite média aguda" e escrito por acadêmicos de medicina da Universidade
Federal de Santa Maria (UFSM), do Rio Grande do Sul, coordenado pelo Dr. Pedro Luiz Coser,
mestre em Distúrbios da Comunicação Humana e professor assistente do Departamento de
Otorrino-Fonoaudiologia da UFSM.
De acordo com o artigo, um dos graves problemas enfrentados pelos especialistas em ouvido
é a automedicação. Foram pesquisadas 25 farmácias da zona urbana de Santa Maria,
escolhidas aleatoriamente, em relação ao tratamento da otite média aguda em crianças.
Os resultados mostraram que em apenas oito farmácias (32%) foi dada orientação para
procurar um médico, embora em sete desses casos, apesar do conselho, o balconista tenha
se proposto a vender, mesmo assim, alguma medicação, o que eleva o triste resultado para
96% de prescrições sem acompanhamento médico.
Das 24 farmácias onde houve indicação de medicamentos, três balconistas
"prescreveram" antibióticos (12,5%). O mais grave é que nenhum deles o fez de
forma totalmente correta. Os autores do artigo concluem ser fundamental que haja uma maior
conscientização da população e dos próprios balconistas em relação aos riscos que
podem advir do tratamento inadequado da otite média aguda.
Tratamento da Otite Média
Normalmente, os médicos receitam o uso de analgésicos e antitérmicos. O calor
local seco nos ouvidos e as lavagens nasais com soro fisiológico completam o tratamento.
Em pacientes com sinais e sintomas de otite média aguda, a terapêutica de escolha é
antimicrobiana, pois a diferença entre as causas viróticas e bacterianas não é fácil
de ser diagnosticada. Deve-se voltar a examinar o paciente para avaliar se surgiu alguma
complicação.
Tratamentos Tradicionais das Otites
Especialistas esclarecem que se deve eliminar os resíduos infectados com
cotonete ou por aspiração. Desta forma, são recuperados os níveis normais de
audição. Depois, prescrevem-se várias aplicações de antibióticos em gotas, durante
um prazo máximo de sete dias. Os analgésicos aliviam a dor enquanto permanece a
inflamação. Também podem ser ministradas gotas com ácido acético diluído, que
colaboram na recuperação da acidez do canal auditivo.
De acordo com o Dr. Ney Penteado, otorrinolaringologista e professor adjunto da Clínica
de Otorrino da Santa Casa de São Paulo, entrevistado para esta reportagem, nos casos mais
graves, em que é observada reincidência, pode-se recomendar uma pequena perfuração com
o bisturi, visando a drenagem do acúmulo de secreção, o que costuma aliviar a dor. Este
é considerado, no Brasil, um tratamento bastante tradicional. É para estes casos que o
uso do laser traz novidades.
Tratamento com Laser
Uma nova modalidade de tratamento é a Miringotomia Assistida por Laser que proporciona a
mesma eficácia do tratamento tradicional, mas é realizada em consultórios, com uma
técnica não invasiva. Cria-se um pequeno buraco na membrana timpânica, parte mais
interna do ouvido, muito fina, e este mantém ventilado o ouvido médio, o que gera o
alívio da dor, da mesma forma que a incisão feita com o bisturi nos métodos
tradicionais.
De acordo com o Dr. Ney, também membro da diretoria da Sociedade Brasileira de
Otorrinolaringologia, o orifício causado pelo laser, por ocorrer através da
vaporização do tecido da membrana timpânica e não pelo seu corte, como ocorre com o
bisturi, dura mais tempo: cerca de 4 a 12 semanas. "Com o bisturi, este orifício
cicatriza em menos de uma semana", explica o médico, que levanta este aspecto como
uma vantagem no uso do laser. Com o orifício mantido por mais tempo, ele explica, o
tratamento é mais eficaz. Neste período em que o orifício fica aberto, pode-se resolver
as infecções e se evitar novos episódios. Trata-se de um procedimento seguro e rápido
- cerca de cinco minutos -, sendo particularmente eficaz para crianças pequenas e que se
movimentam muito.
O equipamento OtoScan, fabricado pela indústria israelense Esc Sharplan, existe desde
1998 nos Estados Unidos e é considerado um investimento ainda alto para as clínicas
brasileiras, não estando disponível no País em larga escala. No entanto, seus
benefícios, descritos pelo Dr. Ney, são bastante atrativos. O médico, que presenciou um
work shop dado pela fabricante em um Congresso nos Estados Unidos, contou que o aparelho
permite uma aplicação bem precisa para o tratamento das infecções do ouvido médio, em
especial as Otites Médias Agudas, com secreção no ouvido médio ou Otite Média
Secretora, ou ainda as otites muito repetitivas. "Em crianças com otite média de
repetição, por exemplo, com uma freqüência chegando a um evento mensal, o tratamento
com laser pode ser benéfico, reduzindo esta incidência", considera.
O médico relatou que o fabricante do OtoScan preconizou, no work shop que ele assistiu, o
tratamento como um procedimento ambulatorial, não exigindo anestesia, sendo necessário,
no máximo, alguma sedação para aquelas crianças, muito pequenas, que não colaboram
com a aplicação. Ele lembra que a perfuração da membrana timpânica só se faz
necessária, seja qual for a técnica utilizada, em casos graves, de dor aguda.
Embora o equipamento ainda seja caro para os médicos clínicos brasileiros, a liberação
de uma hospitalização e do uso de anestesia reduziria os custos para o paciente,
defendem especialistas da Clínica Mayo, em Jacksonville, na Flórida, que já usa o
método.
Segundo dados de especialistas, entre 30% e 50% de todas as infeções são virais. Para
esses casos, os antibióticos não são eficazes. Já algumas das operações de ouvido,
requerem anestesias gerais. Considerados esses dados, pode-se averiguar as vantagens dos
métodos de tratamento por laser. A anestesia é tópica, os pais das crianças podem
permanecer com elas, as medidas são menos invasivas para o paciente, reduzindo os riscos
de infecção e diminuindo as dores. Convém destacar que o uso do laser neste tipo de
tratamento foi aprovado pelo FDA (Food and Droug Administration, órgão americano que
avalia as medicações), desde 1996.
Prevenção das Otites
Em qualquer hipótese, por melhores que se tornem os tratamentos, a melhor indicação a
ser dadas para pais e filhos que enfrentam problemas de otite é prevenir. De acordo com
os médicos, uma das orientações deve ser em relação à forma de se alimentar o
lactente. Deve-se evitar a drenagem do alimento para a trompa auditiva. O fomento da
amamentação também é apontado como algo importante, em função dos anticorpos daí
decorrentes. Para crianças que têm episódios freqüentes de otite média aguda (3
episódios em 6 meses ou 5 em doze meses), algumas alternativas de tratamento são:
quimioterapia de amoxicilina; administração de vacina antipneumocócica polivalente em
lactentes e até os três anos.
O médico Vladimir Paim, médico otorrinolaringologista, em entrevista para rádio,
sugeriu ainda que se seque o ouvido quando a criança sair da água e que se evite mexer
nos ouvidos. A exemplo do que já foi dito, o especialista também condena o uso dos
cotonetes, pois o ouvido é muito frágil a este tipo de invasão de um instrumento
pontiagudo, sem que se possa ver o que se está fazendo.
Copyright © 2003 Bibliomed, Inc. 16 de Janeiro de 2003.
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