Artigos de saúde
A crise econômica, o desemprego, os problemas emocionais, entre outros fatores, têm levado um número cada vez maior de pessoas a buscar refúgio no álcool. O alcoolismo é considerado na atualidade, um dos principais problemas de saúde pública em todo o mundo.
São crescentes os números sobre doenças graves provocadas pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas, bem como a incidência de mortes decorrentes destas doenças. O álcool também assusta como causa básica de acidentes de trânsito, crimes e suicídios.
O alcoolismo está entre as drogas de maior relevância no Brasil, pois o álcool exerce influencia sobre 12% da população. De qualquer maneira, estima-se que 90% das pessoas ingerem álcool de alguma forma. Normalmente as primeiras experiências acontecem na adolescência, quando se bebe para ficar desinibido. O problema é que para jovens com tendência para o alcoolismo fica difícil saber quando parar ou
mesmo perceber quando a pessoa deixa de ser um bebedor de fim de semana para se tornar um
bebedor habitual.
Conseqüências
A cirrose hepática é uma das doenças mais comuns provocadas pelo alcoolismo. A bebida é metabolizada através do fígado e quando se usa álcool em grandes quantidades e por longo período, podem surgir alterações no órgão. O álcool provoca
infiltração de gorduras no fígado, pode gerar a hepatite alcoólica e, mais grave, a cirrose hepática. A cirrose se caracteriza pelo endurecimento do fígado, provoca ascite (barriga d'água) e formação de varizes no esôfago. Além do fígado, outras partes do organismo podem ser afetadas pela bebida. No cérebro, a intoxicação aguda - mesmo em não alcoólatras - pode provocar acidentes, agressões e suicídio.
O álcool interfere no funcionamento do aparelho digestivo, desenvolve irritações na
boca e esôfago, além de provocar distúrbios gástricos que acabam agravando doenças
já existentes, como a úlcera. O intestino também pode sofrer com diarréias e dificuldade
de absorção de alimentos, provocando a desnutrição. O uso constante de bebida também
agrava diversas outras doenças infecciosas, como tuberculose e pneumonia.
O tratamento da doença é complexo, pois não pode ser desvinculado das complicações orgânicas e
psíquicas, por isso apresenta múltiplos aspectos. O primeiro passo no tratamento é a
desintoxicação e para isso a pessoa é internada. Nesta fase pode acontecer a síndrome
de abstinência, que é caracterizada por uma série de sintomas que aparecem quando a pessoa pára
de beber. Entre estes sintomas estão os tremores, alucinação e alteração do
comportamento.
Muitas pessoas que sofrem do alcoolismo escondem o problema, se afastam de amigos e
familiares e são incapazes de buscar ajuda
ou se auto-ajudarem. Existem métodos alternativos como os Alcoólatras Anônimos e o CVV (centro da valorização da vida) onde os dependentes do álcool e drogas falam de seus problemas a pessoas dispostas a ouvir e
ajudar. De qualquer maneira, a vontade própria é o requisito básico para deixar o
vício.
Opinião
Para a médica Célia Bagno Cruz, que atual no Hospital Psiquiátrico, Galba Veloso, um dos
maiores de Minas Gerais, que possui atendimento
nos casos de alcoolismo, beber compulsivamente leva o individuo a um dos maiores problemas da atualidade, ou mesmo beber ocasionalmente mas chegando a se embriagar.
O álcool é uma droga socialmente permitida. Os
benefícios e danos ao organismo são imensamente discutidos. Muitas drogas já foram utilizadas para minimizar os efeitos não desejados do álcool seja a curto ou longo prazo. Existe a frase do AA - Associação
dos Alcoólatras Anônimos, se você esta preocupado com a sua maneira de beber ou de algum amigo ou conhecido, procure-nos. Até o ano passado este era o melhor caminho para o indivíduo que queria uma maneira de parar de beber, destaca a médica.
Dra. Célia comenta ainda que as terapias ajudavam e as drogas como os benzodiazepinicos, por exemplo, também
auxiliavam no tratamento. Alguns medicamentos como o Antabuse, que
provocavam vômito quando a pessoa fosse beber, também eram utilizados. Atualmente foi colocada no mercado, uma nova droga pelo laboratório Cristalia (cloridrato de Naltrezona) que ocupa no cérebro o lugar do prazer que o álcool daria fazendo com que o individuo que bebe não sinta o prazer, perdendo assim o interesse pela bebida. Este medicamento está muito bem indicado para alcoólatras crônicos que querem parar. Se eles não conseguem, o medicamento será utilizado por por aproximadamente três meses, com um comprimido diário. Assim passará a vontade de beber.
Aumento da Dependência
Segundo a maioria dos médicos brasileiros, o problema
do consumo alcoólico tem solução, apesar do aumento do número de dependentes ser cada vez maior no país. O alcoolismo é responsável por quase 75% de todos os acidentes de trânsito com mortes, 39% de ocorrências policiais e 40% das consultas psiquiátricas, além disso, 15% da população do país é alcoólatra. Estes são alguns dados que mostram como o álcool está presente na vida do brasileiro, inclusive entre os mais
jovens.
Segundo os especialistas no assunto, a solução para o problema é um comprometimento maior das autoridades para a elaboração e cumprimento de leis sobre a comercialização e consumo das bebidas alcoólicas. Por um outro lado, algumas ações já estão sendo
desenvolvidas para levar este problema mais a sério e ser tratado como uma doença.
A partir da realização do Fórum Antidrogas, que aconteceu durante o mês de maio na cidade de Belo Horizonte, está sendo estudada a elaboração de um programa de diretrizes políticas. De acordo com o Centro de Toxicomania de Minas, a doença é um dos grandes problemas de saúde pública no Brasil, que precisa ser vista não como sintoma. Algumas associações
médicas defendem o assunto e pedem que o alcoólatra receba o atendimento primeiro nos ambulatórios e somente depois que ele seja internado.
Para frear a dependência do álcool sempre surgem novas propostas, além de ser um assunto que tem sempre despertado a atenção de grande parte da sociedade. Quando uma pessoa consome regularmente bebida alcoólica, o melhor caminho é o tratamento nas
entidades filantrópicas ou rede pública de
hospitais, a participação em organizações como a Associação de Alcoólicos Anônimos, entre outros. Recentemente um médico espanhol, Gabriel Rubio do Hospital de Madri apresentou os primeiros
resultados de um tratamento feito com o uso de cloridato de naltrexona, nos Estados Unidos
e Europa. O objetivo foi tentar reduzir a
compulsão pela bebida. Uma boa medida que é defendida por vários profissionais de saúde é a prevenção. A Universidade Federal de Minas Gerais, em conjunto com as universidades do Paraná e Santa Úrsula no Rio de Janeiro defendem esta bandeira.
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