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Ouvidos Invadidos

Choro inexplicável e persistente, mal estar e movimentos da cabeça podem indicar que um bebê tem dor de ouvido, uma das mais comuns infecções neste período da vida infantil. Ainda que a otite média aguda possa manifestar-se em qualquer momento da vida, as estatísticas demonstram que prefere fazer sua desagradável e dolorosa aparição em crianças entre 3 meses e 3 anos de idade, geralmente em conseqüência de um resfriado comum.

Este processo inflamatório agudo do revestimento das cavidades do ouvido médio, é ocasionado por uma ampla variedade de agentes bacterianos ou virais, que usualmente habitam a garganta das pessoas e chegam ao ouvido médio pela Trompa de Eustáquio ou através do fluxo sangüíneo.

“Quanto aos sintomas, na maioria dos casos as crianças apresentam uma intensa dor que localiza-se na profundidade do ouvido, às vezes latejante, que gera prantos intermitentes e pode ocasionar uma diminuição no apetite – explica a Dra. Laura Quantín, médica assistente do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital de Pediatria Juan P. Garrahan, de Buenos Aires. Outros sintomas são a irritabilidade e a febre. Esta última, que pode ser moderada no decorrer de qualquer processo rinofaríngeo, aumenta bruscamente no começo da otite, e em geral é mais elevada nas crianças do que nos adultos”.

Por causa desta infecção, o tímpano inflama-se e pode inclusive inchar-se. “Quando se rompe, produz a saída de material purulento pelo conduto auditivo externo”, continua a especialista. A respeito das complicações graves da otite média aguda, pode ocorrer uma infecção do osso circundante (mastoidite ou petrosite) ou dos canais semi-circulares do ouvido (labirintite), uma paralisia facial, a perda da audição, uma inflamação na membrana que recobre o cérebro (miningite) ou inclusive pode ocorrer um abscesso cerebral.

Esperar para agir

“Como a maioria das otites médias agudas são virais, tenta-se retardar o uso de antimicrobianos durante 24 ou 48 horas a espera de uma melhora no quadro clínico, somente recorrendo à medicação antitérmica e analgésica – explica a Dra. Quantín. Esta conduta não é recomendada para crianças menores de 2 anos que tenham manifestado comprometimento no seu estado geral”.

Se transcorridas as 24 ou 48 horas e a infecção não ceder espontâneamente, recorre-se a um tratamento de 10 dias de duração com antibióticos de administração oral (amoxilina, trimetropina ou sulfametoxazol).

Em alguns casos em que a dor é muito intensa, o paciente tem febre alta e não responde aos antibióticos, é necessário realizar a intervenção chamada timpanotomia. Consiste em uma pequena incisão na membrana do tímpano, que realiza-se com finalidade de drenar o material purulento acumulado no ouvido médio.

“A incidência da otite média aguda pode ser diminuida mediante a prevenção das infecções da via aérea superior – assegura a Dra. Quantín. O aleitamento materno até os 6 meses de vida, os cuidados com as trocas de temperatura e a umidade ambiental, evitar o contato da criança com a fumaça do tabaco e outras substâncias irritantes, são medidas muito efetivas para melhorar a função das mucosas da via respiratória superior, e com isso a do ouvido médio”.

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