Artigos de saúde

O Autocuidado

A questão do envelhecimento e velhice vem sendo objeto de preocupação atualmente em países em desenvolvimento inclusive no Brasil, uma vez que o aumento do número de idosos em uma população acompanha-se de problemas de saúde de longa duração e que oneram tanto o indivíduo quanto a sociedade.

As doenças crônicas e suas complicações podem surgir e acentuar-se em decorrência de determinados comportamentos adotados, tradicionalmente, pela população em geral e por profissionais dos diversos serviços de saúde públicos ou privados. A procura de assistência e a realização de encaminhamentos são, freqüentemente, de caráter emergencial, isto é, pouca atenção tem sido dada à prevenção ou controle dos problemas de saúde, especialmente em relação à população idosa.

Colocam-se às agências governamentais e aos diversos setores da sociedade os seguintes desafios: A prevenção dos problemas de saúde e a adequação dos serviços de saúde para fazer frente a esta nova demanda.

O MINISTÉRIO DA SAÚDE estabelece como escala de prioridades para a execução de ações de promoção da saúde do idoso: o autocuidado, cuidado informal (prestado por amigos e familiares) cuidado domiciliar e cuidado institucional. Subentende-se a orientação formal-profissional em todas estas instâncias. Através dessas diversas estratégias de atenção objetiva-se a manutenção do idoso em seu meio com o maior grau de autonomia possível.

A estratégia do autocuidado fundamenta-se na concepção do homem como um ser capaz de refletir sobre si mesmo e seus ambientes, simbolizar aquilo que experimenta, desenvolver e manter a motivação essencial para cuidar de si mesmo e de seus familiares dependentes. O autocuidado implica na execução de ações dirigidas pela e para a própria pessoa ou em direção ao ambiente com a finalidade de atender às necessidades próprias identificadas, de maneira a contribuir para a manutenção da vida, saúde e bem-estar. As práticas de autocuidado podem ser desempenhadas, ainda, para familiares ou outros indivíduos dependentes.

Estima-se que 65 a 85% de todo o cuidado em saúde nos EUA seja provido pelo próprio indivíduo ou familiares, abrangendo atividades relacionadas com promoção de saúde, prevenção e tratamento de doenças, administração de doenças crônicas e reabilitação.
Para que o autocuidado se torne eficaz e seguro e não somente acessível e econômico salienta-se a importância do contínuo desenvolvimento da competência do indivíduo e comunidade para o autocuidado. Considera-se, portanto, o autocuidado como ingrediente essencial no cuidado à saúde, a ser complementado por recursos técnicos e profissionais.

O desenvolvimento da competência para o autocuidado torna-se particularmente importante junto a população idosa, uma vez que as necessidades de saúde sofrem contínuas modificações, especialmente ao longo do processo de envelhecimento, requerendo práticas sempre renovadas de cuidados à saúde.

Por vezes o idoso necessita da assistência de terceiros para a prática de suas atividades, relacionadas, em grande parte, à sua saúde e bem-estar. Para que estas atividades configurem-se em práticas de autocuidado deve haver a participação ativa, responsável e eficaz do indivíduo e, sempre que possível, a assistência de terceiros deve ser por ele administrada assegurando-se, desta forma, sua autonomia e integração ao seu meio.

O autocuidado torna o indivíduo parceiro ativo e co-responsável no processo de atenção a sua saúde.

O reconhecimento do potencial do idoso para a manutenção e o desenvolvimento de habilidades para seu autocuidado estimula o surgimento deste informativo que se propõe contribuir com profissionais da área de saúde, população em geral e idosos em particular para a administração do autocuidado e do cuidado de pessoas sob sua responsabilidade.

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