Artigos de saúde
Um estudo publicado no The Journal of the American
Medical Association e comentado no British Medical Journal de 4 de março
mostra que crianças nos Estados Unidos em idade pré escolar estão recebendo mais
prescrições de drogas psicoativas, comparadas com as prescrições de 1991. Entre os
medicamentos mais usados estão a ritalina (metilfenidato) e a fluoxetina (Prozac), entre
outros medicamentos usados para tratar distúrbios psiquiátricos.
Os pesquisadores analisaram dados do Medicaid (tipo de seguro saúde dos Estados Unidos)
de dois estados e uma organização de manutenção de saúde também dos Estados Unidos.
Eles compararam as prescrições de crianças com idades entre 2 e 4 anos nos anos de
1991, 1993 e 1995. Eles observaram que o número de prescrições de antidepressivos para
esta faixa etária dobrou nos grupos atendidos pelo Medicaid e aumentou na organização
de saúde. A ritalina foi a droga psicoativa mais prescrita, tendo sido observado que, em
dois destes grupos, ela triplicou.
Outro medicamento que começou a ser mais prescrito foi a clonidina, um anti-hipertensivo
que tem sido muito usado como tratamento de insônia associada a distúrbios de atenção.
O que chama a atenção no uso da clonidina é que ainda não existem estudos rigorosos
que tenham confirmado sua eficácia ou segurança como tratamento destes distúrbios em
crianças.
Entre os medicamentos antidepressivos, os mais antigos (como os tricíclicos, como o
Lexotan e o Triptanol) continuam sendo muito prescritos, apesar de que o número de
crianças recebendo novas drogas como a fluoxetina (Prozac) e o hidrocloreto de sertralina
(Zoloft) aumentou dramaticamente ao longo dos cinco anos de estudo. Em um dos grupos, 3.2
por 1000 crianças receberam prescrição de antidepressivos.
Esta rápida elevação no número de crianças tratadas com medicamentos levanta muitas
questões, como a segurança a longo prazo, eficácia e adequação destas drogas para a
determinada faixa etária. Este aumento pode ser devido a vários fatores, como melhora no
atendimento e tratamento de crianças com distúrbios de atenção ou hiperatividade,
mudanças nos critérios diagnósticos que definem quais crianças sofrem destes
distúrbios, o ambiente das instituições pré escolares que pode estar interferindo no
desenvolvimento comportamental normal das crianças, e uma atitude mais favorável do
público em geral com relação ao tratamento medicamentoso dos problemas comportamentais.
O que não se pode perder de vista é que, com todo este aumento na prescrição de
medicamentos que interferem no funcionamento da química cerebral, é preciso ter sempre
em mente que a opção pelo uso de medicamentos para tratamento destas doenças deve estar
sempre fundamentada em estudos sérios e rigorosos que garantam a eficiência e segurança
da abordagem, além de um diagnóstico preciso da criança em questão, e um
acompanhamento estreito da evolução destas crianças tratadas.
Fonte: British Medical Journal, 4 March 2000.
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