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NEW YORK– Brindes, almoços e programas educacionais pagos pelas companhias farmacêuticas influenciam os hábitos de prescrição dos médicos, relatam pesquisadores canadenses.
"A extensão atual das interações indústria-médicos... deveria ser endereçado aos níveis da política e educação," de acordo com um artigo publicado nesta semana no The Journal of the American Medical Association.
O Dr. Ashley Wazana da Universidade McGill em Montreal, Canadá, analisaram 29 estudos sobre as relações médicos-indústria. Os estudos examinaram os efeitos de ações específicas como aceitação de brindes, viagens gratuitas, almoços ou amostras grátis dos representantes de companhias farmacêuticas.
Wazana relata evidências de quatro tipos de influências. Após ofertas das indústrias farmacêuticas aos médicos, estes prescrevem mais freqüentemente um medicamento fabricado pelo patrocinador do programa de educação médica, hospitais aumentam a prescrição de uma droga patrocinadora de uma viagem de congresso, os residentes aumentam a prescrição "não racional" de uma droga após um encontro com um representante de laboratórios, e a postura perante os representantes de indústria farmacêutica se torna mais positiva.
Os pesquisadores notaram que as interações entre os médicos e representantes de laboratórios começam na escola de medicina e continuam até uma ocorrência de cerca de quatro encontros por mês.
Wazana nota alguns resultados positivos da interação médicos-representantes de laboratórios, como melhor conhecimento sobre o tratamento de doenças complicadas. Mas a maioria dos estudos revisados mostraram também influências negativas, como aumento de prescrição de drogas promovidas, com menos drogas genéricas sendo prescritas "sem vantagem aparente."
Em um editorial, o Dr. Robert M. Tenery, Jr., do Conselho de Ética e Assuntos Judiciais da Associação Médica Americana, escreve que o Conselho tem atentado para as interações políticas entre médicos e indústria farmacêutica. As atividades mais públicas pararam, como o crédito de milhas aéreas para cada receita prescrita, mas recentemente a necessidade de educação médica continuada (CME) tem dirigido o ressurgimento de viagens patrocinadas pelas indústrias, ele diz. O crédito de CME é uma exigência para o licenciamento em muitos estados.
Tenery observa que o dinheiro e a influência das indústrias farmacêuticas "tem permeado virtualmente todos os níveis da educação médica continuada dos médicos sob forma de almoços complementares e de entretenimento, honorários por consulta e falsos cursos de CME." Ele conclui que os médicos e a indústria farmacêutica precisam desenvolver novos padrões de comportamento para prevenir abusos do sistema.
FONTE: The Journal of the American Medical Association 2000;283:373-380, 391-393.
Publicado em Bibliomed Saúde em 31/01/2000
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