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Airbags protegem as pessoas mas ameaçam o meio-ambiente

Por Alan Mozes

NEW YORK – Um dispositivo de segurança comum em todos os carros novos fabricados nos EUA – os airbags – representa um sério risco ao ambiente, de acordo com um pesquisador do Arizona. Apesar dos airbags poderem salvar milhares de vidas de motoristas e fazer com que as pessoas se sintam mais seguras na estrada, alguns podem conter uma substância tóxica chamada azida, diz o cientista atmosférico Eric Betterton da Universidade do Arizona.

Quando um carro bate, os airbags imediatamente inflam e a azida de sódio se decompõe de forma explosiva formando gás nitrogênio – um componente seguro encontrado no ar que respiramos – e em sódio metálico. Os airbags colocados no lado do motorista, que são padronizados agora em todos os carros fabricados nos EUA, contém 50 gramas de azida de sódio, enquanto o airbag do lado do passageiro contém aproximadamente 4 vezes esta quantidade para conseguir tornar o airbag grande o suficiente para cobrir a grande área do passageiro.

A pesquisa de Betterton mostrou que a azida de sódio é um veneno tão potente quanto o cianeto, e consumir menos de 50 miligramas poderia levar uma pessoa ao colapso e ao coma em 5 minutos, enquanto poucas gramas, ele observa, irá matar em 40 minutos.

A questão, de acordo com Betterton, é que o que fazer com todos os airbags não detonados que são destinados às sucatas e ferro-velho em todo o país. Ele observa que os carros acidentados, destruídos e queimados e o airbags contidos neles liberam a substância química no ar. Ele acrescenta que expor os airbags não explodidos às condições atmosféricas – como a chuva – eventualmente causará a oxidação do composto e o misturará na atmosfera.

Betterton disse que o problema está apenas começando a se tornar maior – com cerca de 11 milhões de libras de azida de sódio já instaladas em carros apenas nos EUA e o número está potencialmente se tornando muito maior com a retirada de carros velhos sem airbags e com carros novos com airbags sendo colocados nas ruas.

Em entrevista à Reuters Health, Betterton disse que ele acredita que os fabricantes de carros devem estar avisados dos problemas de remoção ligados a este composto, uma vez que a toxicidade da azida de sódio já é de conhecimento comum deste 1800 – uma vez que desde esta época ela já vem sendo utilizada pelas indústrias militares e farmacêuticas.

Mas ele diz que a pressão do congresso nos anos 90 para rapidamente incluir os airbags nos novos veículos significou que os fabricantes de veículos recorreram ao composto mais barato e tecnicamente mais eficiente que eles poderiam encontrar – com a azida sendo um composto relativamente estável que necessita de pequenas quantidades para alcançar a inflação do airbag.

Contudo, agora que a indústria automobilística atingiu a demanda inicial por tornar a azida um produto de consumo, Betterton acha que métodos alternativos podem e serão utilizados.

"Eles tiveram a oportunidade de pesquisar outros métodos e eles podem modificá-los," ele disse. "O problema com o método do gás comprimido – uma alternativa disponível – é que é maior, mais pesado e mais volumoso, então é mais difícil incorporá-lo dentro do volante ou do porta-luvas. Mas parece que a forma de contornar o problema pode aparentemente ser encontrada."

Neste meio tempo, ele disse que a legislação precisa se manifestar para controlar a ameaça ambiental dos airbags de azida existentes. "A solução mais prática seria requerer que todos os operadores de depósitos de ferro velho detonem todos os airbags que cheguem ao depósito porque fazendo isto você converte toda a azida tóxica em nitrogênio inócuo," ele disse. "Apenas pela conexão do circuito que detona o airbag com o circuito elétrico do carro – a bateria do carro – iria detonar o airbag. Eu acho que isto poderia ser uma solução prática e honesta, e eu acho que será menos onerosa e mais segura do que reciclar a azida."

Fonte: Entrevista à Reuters Health pelo Dr. Eric Betterton
Publicado em Bibliomed Saúde em 12/04/2000

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