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NEW YORK, Dec 27 - As pessoas que fumam maconha podem ser mais propensas a desenvolverem tumores da cabeça e do pescoço, de acordo com um estudo publicado na revista Cancer Epidemiology Biomarker and Prevention.
"Muitas pessoas podem achar que a maconha é inofensiva, mas não é,", disse o autor do estudo Dr. Zuo-Feng Zhang, em um comunicado divulgado pela Universidade da California, Los Angeles.
Quanto mais freqüente é o uso da maconha, e maior o tempo de seu uso, maior também a possibilidade de surgirem tumores cancerosos na boca, língua, laringe ou faringe, de acordo com o estudo de Zhang, do Jonsson Comprehensive Cancer Center da Universidade da California, e de seus colaboradores.
Os pesquisadores compararam o uso da maconha, do cigarro, e de álcool, em 173 pacientes que tinham cânceres da cabeça e do pescoço, com este uso em 176 pessoas doadoras de sangue que não tinham câncer.
Ao eliminarem outras causas de câncer, como o cigarro e o álcool, os autores verificaram que os consumidores de maconha tinham, em qualquer momento de suas vidas, uma possibilidade 2,6 vezes maior de desenvolverem cânceres da cabeça e do pescoço, quando comparados a pessoas que nunca fumaram a droga.
O risco aumentava em relação à quantidade de droga usada e o número de anos durante os quais a pessoa usava a maconha. "Se você fuma pouco, o seu risco aumenta um pouco; se você fuma muito, seu risco aumenta muito", disse Zhang.
A maconha pode interagir com uma susceptibilidade genética para tais cânceres, juntamente com o tabagismo e o consumo de álcool, e aumentar as possibilidades de uma pessoa vir a desenvolver tumores cancerosos da cabeça e do pescoço, diz o estudo.
"Nos anos 60, muitas pessoas ao redor da idade de 20 anos fumavam maconha; como estes tumores demoram de 20 a 30 anos para se desenvolver, indivíduos que fumavam grandes quantidades de maconha podem apenas agora estar desenvolvendo estes tumores", observa o autor.
Os pesquisadores observam que os doadores de sangue, o grupo controle do estudo, provavelmente usaram menos a maconha durante as suas vidas. Ou também é possível que os pacientes cancerosos fossem mais abertos a informar que usaram maconha durante as suas vidas, ao contrário dos doadores de sangue. Qualquer uma destas possibilidades poderia comprometer os resultados do estudo, que deve ser confirmado por mais pesquisas, dizem os autores.
Apesar de se saber que as propriedades cancerígenas da maconha são semelhantes às do cigarro, este é o primeiro estudo que procura relacionar o uso da droga ao câncer da cabeça e do pescoço.
Estima-se que aproximadamente 31% dos adultos nos Estados Unidos usem ou tenham usado maconha.
Fonte: Cancer Epidemiology Biomarker and Prevention 1999;1071-1078.
Publicado em Bibliomed Saúde em 03/01/2000
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