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NEW YORK, Nov 10 – Um medicamento usado para tratar pacientes com hipertensão arterial, o ramipril (nome comercial no Brasil – Triatec ®, laboratório Hoechst Marion Roussel), pode reduzir o risco de ataques cardíacos, derrames e morte em mais de 20% em uma ampla população de pacientes não considerados como candidatos para a terapêutica. Além disso, o medicamento parece ser o primeiro em prevenir o início do diabetes nos mesmos pacientes. "Nós consideramos estes resultados surpreendentes", disse o responsável pelo estudo, o Dr. Salim Yusuf, da McMaster University em Hamilton, Ontario, Canadá, em um comunicado.
"Esta notícia dá esperanças a todos os portadores de doenças cardíacas ou aqueles que tenham uma maior probabilidade desenvolver estas doenças, particularmente os diabéticos", ele completou.
"O uso generalizado deste agente levaria à prevenção de pelo menos 1 a 2 milhões de eventos cardiovasculares ou de diabetes em todo o mundo". Yusuf disse durante um comunicado anunciando os resultados do estudo HOPE - Heart Outcomes Prevention Evaluation. A revista The New England Journal of Medicine liberou esta informação na semana passada, adiantando-se à data da publicação, pela sua grande importância para o tratamento dos pacientes. O estudo está disponível no site da Web da revista, em www.nejm.org , e será publicado em papel no número de 20 de janeiro do ano 2000.
Mais de 9000 pacientes de dezenove países nas Américas do Norte, do Sul, e na Europa, tomaram parte no estudo de 5 anos. Os pacientes foram classificados por Yusuf e seus colaboradores como de "alto risco" devido a que eles eram portadores tanto de doença vascular ou diabetes, além de um outro fator de risco cardiovascular, tal como elevação do colesterol, hipertensão arterial, ou tabagismo. Nenhum dos pacientes era portador de insuficiência cardíaca, uma razão freqüente de tratamento com o ramipril, uma das drogas da família dos inibidores da enzima de conversão (ECA)
Cada um dos paciente recebeu tanto ramipril diário como comprimidos inativados (placebo) durante a duração do estudo.
No final do estudo, somente 14% dos pacientes recebendo o ramipril haviam falecido ou sofrido um infarto ou um derrame, comparado com 17,7% dos pacientes que receberam o placebo -- uma diferença de 22%.
Especificamente, o ramipril reduziu o risco de morte por doença cardiovascular em 25%, a taxa de infarto do miocárdio em 20%, e de um acidente vasculara cerebral (derrame) em mais de 30%.
O uso do ramipril foi associado a uma diminuição da incidência de cirurgia cardíaca ou de outros procedimentos invasivos nestes pacientes de alto-risco, diminuindo a proporção de pacientes que necessitam de revascularização em 16%. Os riscos de parada cardíaca, insuficiência cardíaca
Os riscos de parada cardíaca, insuficiência cardíaca, e complicações de diabetes também caíram com o uso do ramipril, em 37%, 22% e 16%, respectivamente.
Além disso, os pacientes recebendo o ramipril tiveram uma incidência de ocorrência de diabetes 30% menor, tornando-o o primeiro medicamento a prevenir o surgimento desta doença., disse Yusuf em uma teleconferência.
"Os resultados são muito importantes", disse Yusuf na última quarta-feira. "Os achados expandem os benefícios do tratamento com o ramipril a todo um novo grupo de pessoas, a maioria dos quais não estaria usando os inibidores da ECA por nenhum outro motivo", completou. "Além do mais, este estudo abre caminho para novas pesquisas acerca da prevenção do diabetes."
O autor especulou que os efeitos do ramipril no diabetes são o resultado de seu mecanismo de ação no corpo, ou seja, bloqueando o efeito de uma substância capaz de elevar a pressão arterial, chamada angiotensina I. Caso haja comprovação, o uso de outros medicamentos igualmente inibidores da ECA (enzima de conversão da angiotensina) podem também beneficiar pacientes, evitando o surgimento de diabetes. "Eu não ficaria surpreso se outros estudos futuros venham a mostrar os mesmos efeitos em outros inibidores da ECA, mas temos que aguardar por eles", ele disse.
Enquanto isto, o pesquisador recomenda que aquelas pessoas que esteja usando outros inibidores da ECA e que estejam evoluindo bem, que se mantenham no uso de seu próprio medicamento. Mas para os novos pacientes, principalmente aqueles que não eram considerados como candidatos ao uso de inibidores da ECA, que façam uso do ramipril como medicamento de primeira escolha.
Fonte: The New England Journal of Medicine, site da Web, em http://www.nejm.org
Publicado em Bibliomed Saúde em 15-11-1999
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