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Austrália Veta Doador de Sangue que Esteve na Grã-Bretanha

Por Andrea Hopkins

CANBERRA (Reuters) - A Austrália anunciou na quinta-feira que vai proibir a doação de sangue de qualquer pessoa que permaneceu pelo menos seis meses na Grã-Bretanha entre 1980 e 1996. A medida é semelhante a regras já impostas nos Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia.

Conforme o ministro da Saúde, Michael Wooldridge, a proibição afetará até 30 mil doadores da Austrália e cortará o suprimento de sangue em pelo menos 5 por cento, mas ainda não dá segurança completa ao suprimento de sangue.

"Nenhum suprimento de sangue é 100 por cento seguro, mas essa medida é destinada a minimizar o risco, que já é muito pequeno", declarou o ministro.

A proibição será introduzida gradualmente em um período de três meses para minimizar o impacto nos bancos de sangue.

"Se 30 mil pessoas simplesmente saírem do sistema hoje, o suprimento australiano de sangue entraria em um estado perigoso", disse Wooldridge.

Conforme o chefe do departamento médico da Austrália, Richard Smallwood, a decisão seria tomada em novembro, mas foi apressada depois que pesquisadores escoceses mostraram, semana passada, que a doença da vaca louca e a sua equivalente humana, conhecida como nova variante da doença de Creutzfeldt-Jacob (vCJD), poderiam ser transmitidas por transfusões sanguíneas.

"Estamos sendo cautelosos. A Austrália possui um dos suprimentos de sangue mais seguros do mundo e queremos permanecer seguros, até que tenhamos certeza", declarou Smallwood.

O ministro australiano informou que o governo federal vai fornecer 870 mil dólares à Cruz Vermelha australiana, que administra a maior parte do sistema de sangue do país, para ajudar a financiar uma campanha de recrutamento de novos e antigos doadores e fazer frente à proibição.

Cerca de 4 por cento dos 19 milhões de australianos são doadores regulares de sangue. Wooldridge alertou que a natureza arbitrária da proibição -- período entre 1980 e 1996, e a decisão de que seis meses é o tempo crítico de exposição -- significa que o suprimento de sangue não estaria 100 por cento seguro.

Muitas pessoas têm morrido na Grã Bretanha em consequência da vCJD, e as mortes são associadas ao consumo de carne de gado com encefalopatia bovina espongiforme (BSE) ou doença da vaca louca.

A doença causa demência, perda do controle muscular e, eventualmente, coma. Pode ficar sem manifestar sintomas por até 20 anos, mas normalmente mata dentro de 12 a 18 meses depois que os sintomas aparecem.

Embora nunca tenha sido relatado um caso de transmissão por transfusão sanguínea ou uso de derivados de sangue, a pesquisa escocesa publicada na revista médica The Lancet mostrou que a transmissão é possível.

A doença da vaca louca apareceu na Grã-Bretanha em 1986 e chegou a seu ponto crítico em 1992. Quatro anos depois, os cientistas identificaram o vCJD e sugeriram que a doença poderia ser contraída ao ingerir carne contaminada.

Sinopse preparada por Reuters Health

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