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Anestesia local pode alterar autopercepção

02 de fevereiro de 2011 (Bibliomed). Não é raro casos de pacientes que relatam ter ilusões quando submetidos a procedimentos com anestesia local. Um grupo de pesquisadores do Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm), na França, resolveu investigar mais a fundo esse assunto.

Publicado na revista Anesthesiology, o estudo aponta para o fato de que ao se anestesiar apenas um braço da pessoa sua atividade cerebral é alterada, o que afeta rapidamente a percepção corporal do indivíduo.

Essa descoberta é um começo para os estudos que visam descobrir como os circuitos neuronais são reorganizados no exato momento em que a anestesia faz efeito. Dessa forma, será possível utilizar a própria anestesia para reconfigurar o sistema após o trauma. Assim, pacientes com dor em partes amputadas, o que é conhecido como "membro fantasma", poderão ser beneficiados.

Alguns pacientes amputados continuam a “sentir” seus membros, mesmo que esses não façam mais parte de seu corpo. Essas ilusões do membro fantasma estão relacionadas com o surgimento no cérebro de representações incorretas da parte do corpo que foi perdida. As mesmas imagens ilusórias são relatadas por pessoas sob efeito anestésico.

Os pesquisadores observaram durante o estudo com pacientes cujo braço estava anestesiado três fenômenos:

  1.  Todos os pacientes descreveram falsas sensações em seu braço (inchaço, diferença no tamanho e na forma, posturas imaginárias);
  2.  Em geral, os pacientes sob anestesia demoraram mais tempo para distinguir entre a mão esquerda e a mão direita e fizeram a indicação errada muito mais do que as pessoas que não se encontravam sob anestesia;
  3.  Os melhores resultados foram obtidos quando o membro anestesiado estava visível para o paciente.

Os testes continuam a serem realizados e, a partir de agora, vão utilizar a ressonância magnética para determinar quais áreas do cérebro são afetadas. A esperança dos pesquisadores é que no futuro a anestesia seja usada também para fins terapêuticos.

Fonte: Anesthesiology, janeiro de 2011

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