Notícias de saúde

Pacientes Terminais Apóiam Eutanásia, Mostra Pesquisa

NOVA YORK (Reuters Health) - A maioria dos pacientes terminais de câncer apóia a legalização da eutanásia e da morte assistida pelo médico quando os sintomas se tornam muito dolorosos para suportar, demonstram resultados de uma pesquisa.

Normalmente, os pacientes terminais que se opõem à legalização dessas práticas baseiam-se em princípios religiosos e morais, revela o estudo publicado na edição de 11 de setembro de Archives of Internal Medicine.

De acordo com os pesquisadores, as descobertas sugerem que um acordo entre aqueles que apóiam e aqueles que se opõem à eutanásia e ao suicídio assistido pelo médico é improvável.

"A partir dessas razões, é aparente que pessoas com opiniões diferentes sobre a legalização não estão simplesmente argumentando sobre lados diferentes do mesmo assunto; ao contrário, suas posições estão baseadas em assuntos completamente diferentes", concluem Keith G. Wilson, do Centro de Reabilitação, em Ottawa, no Canadá, e sua equipe.

Os pesquisadores entrevistaram 70 pacientes terminais de câncer com idade média de 65 anos sobre sua opinião em relação ao direito de escolher a morte.

Na eutanásia, as pessoas que cuidam do paciente tomam a decisão de acelerar a morte do doente de forma ativa (administrando uma droga letal, por exemplo) ou passivamente (interrompendo o tratamento).

No suicídio assistido, o paciente decide sua própria morte com a assistência de outra pessoa, como um médico, que fornece doses letais de uma droga ou outras formas de cometer suicídio.

Wilson e sua equipe descobriram que 73 por cento dos pacientes acreditavam que a eutanásia e a morte assistida por um médico são práticas aceitáveis e 21 por cento opinaram que nenhuma das práticas era aceitável e não deveria ser legalizada.

No geral, 58 por cento disseram que se essas práticas fossem legais, eles deveriam decidir acelerar sua própria morte se a dor ou os sintomas físicos se tornassem intoleráveis.

"Para essas pessoas, deve haver algum conforto em saber que a eutanásia ou a morte assistida estão disponíveis, no caso de seus piores temores em relação à dor e aos sintomas se tornarem reais", afirmam os pesquisadores.

Na época da entrevista, 8 pacientes (12 por cento) disseram que fariam esse pedido. Segundo os cientistas, estes doentes estavam menos interessados ou sentiam menos prazer em suas atividades do que todos os outros pacientes e apresentavam uma maior taxa de depressão. No entanto, não houve diferença no nível de dor.

"Pessoas que são contra a legalização são motivadas, primeiramente, por preocupações religiosas ou morais seculares, que colocam a santidade da vida humana acima de outras considerações", avaliam Wilson e sua equipe.

"Aqueles que são a favor da legalização estão mais preocupados com o alívio da dor incontrolável e do sofrimento, assim como com os direitos da pessoa exercer escolha e controle", afirmam os pesquisadores.

Eles observam que pacientes com câncer correspondem ao maior grupo que opta pela eutanásia em lugares onde ela é legal.

Wilson e sua equipe destacam que algumas das incertezas sobre a legalização do direito de morrer, incluindo nunca saber com certeza se uma doença ultrapassou o limite para se tornar uma doença terminal. O desejo de uma morte acelerada foi associado à depressão. Os pesquisadores acrescentam que a fraqueza e a fadiga também foram relacionadas ao desejo de morrer.

As descobertas sugerem, no entanto, que a dor não é a única razão porque pacientes terminais querem morrer.

"As dimensões psicológicas e existenciais de sofrimento -- que talvez não são menos centrais para determinar a qualidade de vida -- também surgem como razões importantes por trás dos pedidos dos pacientes para a morte acelerada pelo médico", concluem os pesquisadores.

Sinopse preparada por Reuters Health

Copyright © 2000 Reuters Limited. All rights reserved. Republication or redistribution of Reuters Limited content, including by framing or similar means, is expressly prohibited without the prior written consent of Reuters Limited. Reuters Limited shall not be liable for any errors or delays in the content, or for any actions taken in reliance thereon.

Faça o seu comentário
Comentários