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Cientistas Sequenciam Genoma da Maior Bactéria

Por Patricia Reaney

LONDRES (Reuters) - Cientistas anunciaram que mapearam o genoma de uma bactéria mortal para pessoas com fibrose cística. Conforme informaram os pesquisadores norte-americanos na quarta-feira, o trabalho pode levar ao desenvolvimento de um novo antibiótico.

A equipe da Universidade de Washington e da empresa de biotecnologia PathoGenesis Corp, sediada em Seattle, sequenciou os 5.500 genes da "Pseudomonas aeruginosa", a maior bactéria sequenciada até agora. Já foram identificados os genomas de 25 bactérias, mas a P. aeruginosa é a maior e mais complicada.

A bactéria é a maior causa de morte em pacientes com fibrose cística e causa infecções em vítimas de queimaduras e pacientes com Aids e câncer.

O sequenciamento de todos os genes vai permitir aos cientistas descobrir como a bactéria vive em diferentes ambientes e como opera para iludir o sistema imunológico e resistir a antibióticos.

"Há muito que ainda não sabemos sobre como a bactéria cresce em diversos ambientes e como se protege. O sequenciamento do genoma é o primeiro passo na tentativa de entender a questão e o procedimento adequado para patógenos com este tipo de versatilidade", disse por telefone Maynard Olson, da Universidade de Washington, chefe da equipe de pesquisa.

A bactéria intriga os cientistas porque, diferente das outras, ela é muito adaptável, vivendo em drenos, chuveiros e solo e não é destruída por desinfetantes comuns.

Conhecer sua composição genética vai ajudar os cientistas a desenvolver novas drogas para destrui-la e aumentar o entendimento sobre o que acontece quando ela entra no corpo.

"Identificamos funções do P. aeruginosa que eram desconhecidas, sugerindo novos caminhos de drogas para tratar infeções pulmonares graves causada pela bactéria", declarou C. Kendall Stover, da PathoGenesis.

A bactéria é capaz de se autodesintoxicar, pois quando reconhece uma substância química estranha usa uma espécie de bomba para expelir o intruso. "Um caminho óbvio é tomar estas bombas reconhecidas no sequenciamento do genoma e tentar desenvolver drogas que as atinjam", disse Olson.

Para a Cystic Fibrosis Foundation (Fundação de Fibrose Cística) nos Estados Unidos, que financia pesquisas com a PathoGenesis, o sequenciamento da bactéria, relatado na revista científica Nature, vai melhorar a vida dos pacientes com a doença genética que ocorre em cerca de um em cada 2 mil nascimentos.

A doença faz com que o corpo produza um muco espesso que obstrui os pulmões, pâncreas e o aparelho digestivo. Duas décadas atrás, apenas 12 por cento das crianças doentes sobreviviam além da adolescência. Atualmente, um número crescente de doentes está vivendo até os 40 anos.

"Este mapa do genoma fornece aos cientistas uma ferramenta poderosa que abre uma nova porta para o desenvolvimento de terapias inovadoras que farão a diferença para muitas vidas", disse Robert Beall, presidente da Fundação nos Estados Unidos.

Sinopse preparada por Reuters Health

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