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Doadores de Órgãos com Morte Cerebral Devem ser Anestesiados

Por Richard Woodman

LONDRES(Reuters Health) - Doadores de órgãos deveriam ser anestesiados contra possíveis dores, mesmo depois de ser atestada a morte cerebral, recomendam dois anestesistas da Grã-Bretanha.

Embora os pacientes não sejam considerados doadores potenciais a menos que tenham morte cerebral e não possam sentir dor, a anestesia pode ser uma medida extra de conforto para pessoas que estão preenchendo um cartão para doar órgãos.

"A morte não é um evento, mas um processo, e nosso limitado entendimento do processo deveria demandar cuidados antes de assumir que a anestesia não é necessária. É imperativo que a confiança pública seja mantida no programa de transplante", disseram Basil Matta e Peter Young, da unidade de tratamento intensivo do Hospital Addenbrooke, em Cambridge, em editorial do jornal Anaesthesia (Anestesia) da Royal College of Anaesthestit (Faculdade Real de Anestesistas).

Philip Keep, anestesista consultor do Hospital Norfolk e Norwich, notou que a pressão sanguínea e o pulso de um doador podem aumentar quando os órgãos estão sendo retirados. Keep disse à BBC que não usaria um cartão de doador até que novas orientações sejam editadas para assegurar que os anestésicos sejam administrados quando os órgãos são removidos.

Ano passado, a Intensive Care Society (Sociedade de Cuidados Intensivos) publicou orientações dizendo não ser necessário anestesiar os doadores. "Se soubesse que alguém me daria um anestésico antes de remover meus órgãos, carregaria um cartão de doador e acho que muitas outras pessoas que têm as mesmas dúvidas também carregariam consigo um cartão de doador", declarou Keep.

Os comentários, bastante publicados na mídia Britânica, deixaram inseguros os parentes de doadores e aumentaram o receio que o já crítico baixo número de órgãos disponíveis para transplante seja ainda mais reduzido.

O Departamento de Saúde lembrou que o programa de transplantes levou anos para se recuperar de um documentário de televisão da BBC nos anos 80 que questionou se os doadores de órgãos sempre estariam mortos cerebralmente. "Não existe nenhuma dúvida que essas pessoas estão com morte cerebral e não sentem dor nenhuma", disse um porta voz.

Regras sobre o que constitui a morte cerebral -- editada pelas faculdades de medicina da Grã-Bretanha em 1979 -- dizem que qualquer resposta física durante a remoção dos órgãos são ações reflexas e não indicam que o cérebro esteja vivo ou que o doador esteja sentindo dor.

Sinopse preparada por Reuters Health

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