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China está enfrentando "epidemia secreta" de doença sexualmente transmissível

14 de Março de 2003 (Bibliomed). Pesquisadores na China e nos Estados Unidos dizem ter descoberto um número significativo de adultos chineses infectados com clamídia, uma bactéria que provoca uma doença infecto-contagiosa nos órgãos genitais masculinos ou femininos, geralmente não apresenta sintomas, mas pode abrir caminho para o aumento do número de pessoas contaminadas com o vírus HIV. A ONU estima que10 milhões de chineses podem ser infectados pelo HIV até o fim da década.

A clamídia causa uma doença sexualmente transmissível muito comum, normalmente tratada com antibióticos, mas “quando não tratada pode causar infertilidade nas mulheres, gravidez ectópica (fora do útero) e um risco muito grande de contaminação de HIV”, alertou o pesquisador William Parish, médico da Universidade de Chicago.

De acordo com o estudo publicado no Jornal da Associação Médica Americana, do total de chineses, 2,1% dos homens e 2,6% das mulheres estão infectados, índices semelhantes à maioria dos países em desenvolvimento. O problema é que, em algumas regiões da China, os homens estão mudando seus hábitos sexuais: à medida que ficam mais ricos passam a gastar mais dinheiro com prostitutas e estão levando a infecção para suas esposas ou namoradas.

O estudo mostra que 14,6% dos homens que têm relações sexuais com prostitutas e 6% de suas parceiras estão infectados. A incidência é maior e cresce mais rápido na região costeira do sul do país, onde 16% dos homens e 9,9% das mulheres estão infectados. “A China está começando apenas agora a sofrer os estragos do HIV, e o inesperado predomínio de clamídia e o comportamento de alto risco são sinais críticos e instrutivos de advertência”, disse o pesquisador Myron Cohen, médico da Universidade da Carolina do Norte.

Os pesquisadores insistem na necessidade de um plano de ação contra as DSTs na China. “A experiência africana mostra que, depois que o HIV é amplamente transmitido entre adultos em idade de reprodução, a prevenção se torna muito mais difícil. A China enfrenta uma crise e uma oportunidade de evitar uma tragédia na saúde pública”, defendeu Chris Beyer, da Escola de Saúde Pública John Hopkins Bloomberg, em Baltimore, em um editorial publicado junto com o estudo.