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27 de Agosto de 2002 (Bibliomed). Uma nova pesquisa foi feita nos Estados Unidos, e mostrou resultados preocupantes: os americanos parecem não estar se preocupando muito com o risco de contrair o herpes genital, uma doença sexualmente transmissível incurável que pode apresentar recorrências durante toda a vida.
O herpes genital é uma doença transmitida por via sexual, causada por um vírus chamado HSV. Este vírus é encontrado basicamente em dois tipos: o HSV-1, que usualmente causa a formação de vesículas na boca ou face, em uma doença chamada herpes oral, e HSV-2, que afeta tipicamente a área genital.
O vírus HSV tem a característica de se alojar nas ramificações dos nervos sensitivos, e pode permanecer "adormecido" por longos períodos de tempo sem apresentar sintomas. As pessoas infectadas, porém, podem apresentar surtos da doença, onde as vesículas surgem, se rompem e formam úlceras. A doença é bastante dolorosa, e não tem cura definitiva. A doença tem maiores chances de transmissão durante o período de ativação, ou seja, quando existem vesículas e úlceras ativas, mas não se pode excluir a possibilidade de transmissão mesmo quando a pessoa não apresenta lesões ativas.
Só nos Estados Unidos estima-se que 60 milhões de pessoas com mais de 12 anos de idade estão infectadas pelo vírus, e possivelmente 1 milhão de pessoas é infectada por ano. O Dr. Peter Leone, da University of North Carolina em Chapel Hill, realizou uma pesquisa para verificar o quanto as pessoas estão atentas ao risco desta doença, assim como para traçar um perfil geral das práticas sexuais americanas.
A pesquisa descobriu que apenas 16% dos participantes tinham realizado exames para diagnóstico do HSV-2, e aproximadamente um quarto deles não tomou nenhuma providência específica para conhecer a saúde sexual de seus parceiros antes de praticar sexo. Em geral, 42% dos participantes nunca fizeram nenhum exame para diagnóstico de doenças sexualmente transmissíveis. Quando os participantes relatavam a realização de testes, a maioria tinha feito exames para diagnóstico do HIV.
Outro fator preocupante é que a maioria das pessoas parece pensar que o sexo oral tem menos chance de transmitir doenças, incluindo o herpes genital. Esta crença não tem fundamento científico, e o sexo oral não protegido pode transmitir praticamente todas as DSTs, incluindo HIV, herpes, gonorréia, sífilis, etc.
A pesquisa incluiu 800 homens e mulheres com idade entre 18 e 54 anos, que moravam em Nova York, San Diego, Chicago e Atlanta.
Se os resultados observados nesta população americana são preocupantes, é possível que em nosso meio a desinformação seja ainda maior. A desinformação representa hoje, o maior risco de se contrair uma doença sexualmente transmissível. Antigamente, no surgimento da epidemia de AIDS, costumava-se falar em grupos de risco. Estes incluíam usuários de drogas injetáveis, indivíduos promíscuos sexualmente, prostitutas, homossexuais e outros. Hoje, esta divisão em grupos de risco não faz mais o menor sentido. As doenças sexualmente transmissíveis, incluindo a AIDS, estão tão prevalentes que virtualmente todas as pessoas sexualmente ativas se encontram em risco para a doença. É preciso solidificar o conceito de que não existem mais grupos de risco, e sim comportamento de risco. Qualquer pessoa que pratique sexo sem proteção pode ser incluída neste comportamento de risco, e estará exposta a contrair herpes genital, sífilis, gonorréia, HIV e outras doenças, e as transmitir para seus futuros parceiros. A crença de que o sexo oral é seguro também não tem fundamentação científica, sendo que virtualmente todas as doenças sexualmente transmitidas podem ser contraídas através deste tipo de sexo.
Se a desinformação é o principal risco, a informação é a principal arma para a proteção. É importante que todas as pessoas sexualmente ativas procurem se informar a respeito destas doenças, e que estas informações sejam capazes de provocar uma mudança de comportamento. Do contrário, assistiremos ao aumento cada vez mais assustador da incidência destas doenças em nosso meio.
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