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Escolas regulares são indicadas para crianças com paralisia cerebral

17 de Junho de 2002 (Bibliomed). Um estudo feito pela Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que é viável e benéfico que as crianças com paralisia cerebral freqüentem escolas regulares. A pesquisa foi feita com dados de Florianópolis, onde a Associação Santa Catarina de Reabilitação implantou um projeto pioneiro, que acompanha a adaptação dos alunos à rede de ensino. Os dados do estudo mostram que 57% das crianças com paralisia cerebral em idade escolar freqüentavam as escolas regulares normalmente, em 1997, quando a coleta de informações foi feita.

O trabalho apresentado na USP foi elaborado pela fisioterapeuta Eliana Trevisan, que traçou um perfil sobre as vítimas da paralisia cerebral que estavam matriculadas nas escolas.

Desde 1987, as escolas públicas de Santa Catarina são obrigadas a aceitar a matrícula de crianças com paralisia cerebral. A Associação acompanha o desenvolvimento motor do paciente, criando saídas para que o estudante vença suas limitações e tenha um bom aproveitamento. A integração escolar tem muitas etapas: a primeira delas é a de educação familiar; a escola também precisa se preparar, tanto do ponto de vista físico quanto pedagógico. Rampas e mesas adequadas são necessárias à adaptação. Os professores também precisam de treinamento para orientar as crianças e para criar alternativas de ensino que permitam que a vítima da paralisia cerebral se integre totalmente à vida escolar.

Um dos desafios enfrentados em Santa Catarina é a resistência das próprias escolas e de seus responsáveis em aceitar a matrícula dos alunos com limitações. Os dados mostram que o processo de adaptação é rápido e não causa traumas nos pacientes.

No Brasil, não há dados científicos disponíveis sobre a situação das crianças com paralisia cerebral. Os números utilizados são os da Organização Mundial de Saúde (OMS) que considera 10% da população brasileira como portadora de algum tipo de deficiência. O dado, além de genérico, não corresponde necessariamente à realidade do País. Dados divulgados pelo último censo, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirmam que os portadores de algum tipo de deficiência ou incapacidade correspondem a 14% da população. Diante desse quadro, o estudo da USP traz novas informações sobre a patologia, permitindo que as vantagens de programas como o mantido pela Associação sejam levados a outras regiões.

A paralisia cerebral é causada pela falta de oxigenação na hora do nascimento, que leva algumas células do cérebro do bebê à morte. O problema pode ter causas diversas, como a prematuridade. Apesar de não apresentar evoluções ao longo dos anos, a paralisia cerebral deixa lesões nos movimentos e na postura das crianças. O quadro pode ser associado, até mesmo, a outros tipos de deficiência.

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