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Excesso de vitamina A associado a fraturas de quadril

Belo Horizonte, 11 de Janeiro de 2002 (Bibliomed). As vitaminas desempenham um papel fundamental na história da Saúde Pública do século XX. Desde a descoberta da vitamina A por Hopkins em 1912, esta classe de substâncias tem merecido atenção por apresentar propriedades curativas e profiláticas.

A vitamina A , por exemplo, é indispensável para o crescimento fetal normal e o desenvolvimento de muitas espécies animais. Tem ainda efeitos benéficos para a pele e os cabelos, e no mecanismo da visão.

Entretanto, a ingestão de quantidades tóxicas de vitamina A afeta o remodelamento ósseo e podem ter efeitos colaterais no esqueleto de animais - da mesma forma, a ingestão de grandes quantidades de vitamina A poderia ser causadora de fraturas em seres humanos.

Esta antiga suposição foi avaliada por uma recente pesquisa, publicada no Journal of the American Medical Association, órgão oficial da Associação Médica Americana.

No sentido de avaliar a relação entre uma grande ingestão de vitamina A, a partir de alimentos e de suprimentos vitamínicos, e o risco de fratura de quadril entre mulheres na fase de pós-menopausa, uma análise prospectiva de 72.337 mulheres foi feita entre os anos de 1980 e 1998. Todas as mulheres eram enfermeiras e tinham entre 34 e 77 anos de idade.

O estudo foi conduzido pela Dra. Diane Feskanich, epidemiologista do at Brigham and Women's Hospital de Boston, e seus colaboradores, muitos deles ligados à Harvard Medical Medicine, em 11 estados americanos.

Uma das teorias seria a de que uma grande quantidade de vitamina A inibiria a capacidade da vitamina D em absorver o cálcio. Estudos anteriores sugerem ainda que a vitamina A afeta a remodelação óssea, o que também poderia favorecer a ocorrência das fraturas.

Outro problema eventualmente causado pelo excesso de vitamina A seria o surgimento de defeitos congênitos em fetos (em mães que fizessem uso excessivo desta vitamina) – este problema não foi, entretanto, avaliado neste estudo.

Neste estudo prospectivo, o risco de fraturas do osso do quadril foi quase duas vezes maior entre as mulheres que usavam retinol em quantidade igual ou maior do que 2000 microgramas/dia, se comparado com as mulheres que ingeriam menos do que 500 microgramas/dia de retinol.

Entretanto, grandes ingestões de beta-caroteno não aumentaram significativamente o risco de fratura de quadril.

Aparentemente, o efeito adverso está apenas ligado ao retinol – a forma verdadeira de Vitamina A, que é encontrado em alimentos como o fígado, peixes, óleos, e suplementos – mas não em alimentos ricos em beta-caroteno, como alguns vegetais. O beta caroteno é convertido no organismo em vitamina A, na medida do necessário.

A toxicidade à vitamina A não foi observada juntamente com a alta ingestão de beta caroteno provavelmente por causa de limitação em sua absorção e também em sua conversão para retinol.

Devido à alta taxa de absorção e à grande capacidade de armazenamento do retinol no corpo humano, a intoxicação pela vitamina A pode resultar da ingestão aguda de uma dose muito alta, geralmente mais de 100.000 unidades internacionais (UI) da vitamina, ou de exposição repetida durante várias semanas ou meses a quantidades menores (25.000 a 50.000 UI ao dia). 1 UI corresponde a 0,3 microgramas de retinol.

Fonte: JAMA 2002;287:47-54

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