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Proteína Pode Ajudar Quem Sofre de Insuficiência Cardíaca

22 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Uma proteína que fornece a força para um corredor manter o seu ritmo poderá um dia ser usada para tratar um tipo comum de insuficiência cardíaca. Em experiências com camundongos, a proteína, chamada parvalbumina, acelerou o relaxamento dos músculos cardíacos, que ocorre muito devagar em alguns casos de insuficiência cardíaca.

Normalmente essa proteína é encontrada nos músculos esqueléticos, não no coração, segundo o coordenador desse novo estudo, Joseph M. Metzger, da Universidade de Michigan em Ann Arbor, nos EUA. Para serem eficientes -- permitindo que um velocista dispare por uma pista de corrida -- os músculos esqueléticos não precisam apenas se contrair, mas também relaxar, explicou o pesquisador em entrevista.

A parvalbumina tem um papel essencial no processo de relaxamento dos músculos.

A contração muscular depende de íons de cálcio, que ficam armazenados nas fibras musculares, para indicar às proteínas que esse processo pode começar. Quando o cálcio termina seu trabalho, a parvalbumina ajuda o músculo a começar a relaxar, "recolhendo" as moléculas de cálcio de volta às fibras.

Por causa dessa propriedade da parvalbumina, Metzger e seus colegas decidiram testar seus efeitos no coração, que relaxa muito devagar. Como qualquer outro músculo, o coração contrai e relaxa continuamente. A insuficiência ocorre quando o coração fica enfraquecido e não consegue bombear o sangue de forma eficiente. Cerca de 40 por cento do tempo a insuficiência cardíaca é conseqüência de uma disfunção diastólica, ou seja, que o coração relaxa muito devagar, impedindo que câmara cardíaca fique completamente cheia de sangue.

Esse tipo de insuficiência ocorre quando os íons de cálcio envolvidos no processo de desencadear a contração não retornam imediatamente ao "almoxarifado" no tecido cardíaco.

"Os íons de cálcio estão saindo do almoxarifado direitinho, mas eles estão ficando fora dele durante muito tempo", o que compromete a capacidade do coração relaxar, de acordo com o cientista.

Mas a equipe de Metzger descobriu que a parvalbumina pode corrigir essa situação -- pelo menos em camundongos que têm um tipo similar de insuficiência cardíaca. Uma injeção de um vírus atenuado --- no qual foi inserido o material genético que sintetiza a parvalbumina -- no coração dos camundongos levou à formação da proteína no órgão. O estudo foi publicado na edição de janeiro da revista "Journal of Clinical Investigation".

E várias séries de experimentos mostraram que o relaxamento do músculo cardíaco melhorou mais em ratos que tomaram parvalbumina do que naqueles tratados com injeção de placebo.

Os resultados desses estudos iniciais são animadores, segundo Metzger, que disse que o próximo passo será testar a parvalbumina em animais com corações mais parecidos com o de seres humanos, como cães e gatos. Posteriormente, os pesquisadores gostariam de ver o efeito que a parvalbumina tem em um coração doente removido durante um transplante.

É claro, o objetivo final é desenvolver uma terapia para insuficiência cardíaca usando a proteína, mas qualquer aplicação prática do estudo atual ainda deverá demorar muito tempo, de acordo com Metzger.

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