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Genes Podem Determinar Risco de Coagulação Sanguínea

18 de Janeiro de 2001 (Bibliomed). Os fatores genéticos têm um impacto importante nos níveis de proteínas de coagulação de sangue no organismo, sugerem descobertas de um estudo.

Como essas proteínas de coagulação do sangue vêm sendo relacionadas a um risco maior de doenças cardíacas e derrame, as descobertas mostram a importância de se estudar os genes que comandam a formação de coágulos sanguíneos, de acordo com Peter J. Grant, da Universidade de Leeds, na Inglaterra, e sua equipe.

"Nosso estudo demonstrou que existe um efeito genético significativo na variabilidade dos níveis de fatores de coagulação", disse Grant à Reuters Health. No estudo, a influência genética variou de 41 a 75 por cento dependendo do fator de coagulação.

"Isso demonstra a importância da genética no risco de coagulação na população geral e nos dá o conhecimento para a busca dos genes que causam isso", acrescentou o pesquisador.

"A longo prazo, esse conhecimento vai permitir o desenvolvimento de novos avanços terapêuticos para prevenir distúrbios de coagulação como enfarte e derrame", explicou Grant.

O enfarte e derrame podem ocorrer quando um coágulo sanguíneo se deposita em uma artéria obstruída que vai para o coração ou cérebro.

A caracterização genética de uma pessoa é conhecida por ter um efeito no risco de obstrução arterial, mas pouco se sabe sobre a influência da genética nos fatores de coagulação, de acordo com Grant e sua equipe.

Para ter uma idéia mais clara do tamanho do efeito da hereditariedade nos fatores de coagulação, os cientistas estudaram 501 pares de gêmeas, incluindo 149 pares idênticos e 352 pares de gêmeas fraternais.

Os pesquisadores analisaram a genética de amostras de sangue colhidas das gêmeas. Normalmente, gêmeos são usados para estudar a genética, já que aqueles idênticos compartilham os mesmos genes e os gêmeos fraternais compartilham somente aproximadamente a mesma quantidade de genes como qualquer par de irmãos.

Na edição de 13 de janeiro da revista Lancet, Grant e sua equipe afirmaram que os genes parecem ter um efeito moderado a significativo nos níveis de diversos tipos de fatores de coagulação, incluindo o fibrinogênio, ativador de plasminogênio tecidual e fatores VII e VIII.

As estimativas da influência da hereditariedade nos fatores de coagulação são similares aos efeitos da genética em outros fatores de risco de enfarte e derrame, como pressão sanguínea e colesterol, de acordo com Stephen B. Harrap e John L. Hopper, da Universidade de Melbourne, em Victoria, Austrália.

Harrap e Hopper destacaram, no editorial acompanhando o estudo, que a determinação da relação precisa entre a genética dos fatores de coagulação e doenças cardíacas e derrame "ainda está longe (de ser determinada)".

Os genes que influenciam os fatores de coagulação podem ser nada mais do que "pequenos participantes em um quadro muito maior" de diversos fatores genéticos que afetam o risco de doenças cardiovasculares, segundo Harrap e Hopper.

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