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África do Sul vive "Holocausto da Aids"

Por Steven Swindells

JOHANESBURGO (Reuters) - A África do Sul terá de encarar um possível "Holocausto da Aids" se não forem tomadas medidas urgentes para deter o avanço da doença, disse na terça-feira um dos principais especialistas em Aids do país.

Malegapuru William Makgoba, presidente do Conselho de Pesquisa Médica (MRC), que funciona com verba governamental, lançou um alerta durante uma entrevista à Reuters, na qual descreveu um futuro cheio de desgraças humanas por causa do HIV/Aids.

O presidente do país, Thabo Mbeki, iniciou uma polêmica internacional ao colocar em dúvida a relação entre o HIV e a Aids. Os medicamentos anti-retrovirais, como o AZT, praticamente não existem no sistema de saúde pública do país pelo custo elevado e por motivos de segurança.

Makgoba disse que nova informação do MRC, compilada pela Organização das Nações Unidas (ONU), Estados Unidos e pela Sociedade Atuarial Sul-Africana, mostra que a doença poderia causar a morte de 5 a 7 milhões de sul-africanos nos próximos dez anos.

"Todos, separadamente, vieram com estimativas de 5 a 7 milhões de indivíduos mortos se a epidemia não for detida, o que contrasta com os 6 milhões de mortos durante o Holocausto", disse Makgoba.

"Se não for tomada alguma atitude, chegaremos a cifras do Holocausto. Se não fizermos nada, essa é a previsão", disse.

Pesquisas preparadas pelo governo indicam que 4,2 milhões de sul-africanos, um em cada dez, vivem com HIV, o que coloca o país no epicentro da epidemia do continente mais afetado do mundo.

Dados da indústria de seguros sul-africana apontam um índice de infecção superior aos 2.000 casos diários e estimam que a expectativa de vida dos sul-africanos vai diminuir de 63 a 41 anos até 2010.

A empresa do setor financeiro ING Barings considera que a Aids vai frear o crescimento econômico da África do Sul, agravará a já crítica escassez de mão-de-obra qualificada, aumentará a inflação e diminuirá as economias e investimentos no país.

Segundo um estudo sobre mortalidade recém-concluído pelo MRC, mais da metade das mortes ocorridas entre a população de 15 e 49 anos é resultado da epidemia de HIV/Aids.

"Ao entrar nos principais hospitais da África do Sul ... Cinquenta por cento dos pacientes têm relação com o HIV ...", disse Makgoba.

"O governo deve tomar medidas. Temos que enviar uma mensagem sobre a importância (dos medicamentos) ... Devemos aceitar que há anti-retrovirais no mercado que podem ser custeados e são eficazes e que alguns países, como Uganda, vêm utilizando", acrescentou.

Sinopse preparada por Reuters Health

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